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Postos da BP no México ainda vendem combustível da Pemex

Amy Stillman

17/10/2017 10h26

(Bloomberg) -- Um ano e meio depois que o México abriu seu mercado de combustível à concorrência privada, quase toda a gasolina vendida em postos de combustíveis da BP e da Royal Dutch Shell ainda é fornecida pela estatal Petróleos Mexicanos.

O México não possui a rede de terminais de armazenamento e tubulações que permitiriam o fluxo de produtos importados do porto à bomba. A Pemex é "grotescamente carente de capacidade de armazenamento e de transporte", disse o CEO da empresa, José Antonio González Anaya, na sexta-feira, em Washington.

Empresas como a Monterra Energy, apoiada pela KKR, o banco mexicano Invex, a Glencore e uma joint-venture entre a TransCanada e as empresas mexicanas Sierra Oil & Gas e Grupo TMM anunciaram terminais ou projetos de dutos no polo de importação de combustível de Tuxpan, na Costa do Golfo. Mas essas instalações demorarão vários anos para serem terminadas, o que deixa poucas opções para os postos além de comprar combustível da Pemex e depender de seus dutos e caminhões para transportá-lo.

"Nós compramos todo o nosso combustível da Pemex porque no México não há outras fontes das quais possamos comprar diretamente, e com todos os custos de transporte associados à importação de combustível, isso não é rentável", disse José Antonio Muñoz, diretor de logística de combustíveis para o México da BP, que mantém 40 postos de gasolina no país e planeja abrir mais 1.460. "A Pemex é dona de toda a infraestrutura e, além desta limitação, há lugares nos quais não há terminais para armazenar o combustível importado."

O México permitiu que as empresas privadas importassem combustível pela primeira vez em abril de 2016 como parte de reformas mais amplas para estimular a concorrência e o investimento. Esse processo também incluiu a eliminação gradual de limites máximos de preço na bomba estabelecidos pelo governo.

Projetos privados

Até o momento, 32 empresas privadas enviaram diesel ao México e 17 trouxeram gasolina, segundo o Ministério de Energia do México. Mas os volumes representam uma pequena fração dos quase 800.000 barris importados por dia pela Pemex.

"Você pode importar o combustível, mas não tem onde armazená-lo e o transporte é caro", disse Roberto Díaz de León, presidente da associação de revendedores de gasolina do México, a Onexpo. "Outra complicação é que o processo de regulamentação é muito novo. Muitas das partes interessadas não conhecem todas as etapas do processo."

A Pemex informou que oferecerá aluguel de capacidade de armazenamento de combustível e de dutos nas próximas semanas, cinco meses após seu primeiro leilão, vencido pela Andeavor na Baixa Califórnia e em Sonora.

"Este é um processo gradual e competitivo que envolve uma série de atores", afirmou a Pemex, em comunicado.

O mercado de importação de combustível do México é como "águas inexploradas", disse Pete Ramirez, vice-presidente de trading de petróleo da subsidiária mexicana da Koch Industries. "Sem saber exatamente como se desenvolverá o mercado e com o ambiente regulatório em evolução, tudo será um desafio."