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Três mulheres querem juntar outras 8.630 à ação contra Microsoft

Robert Burnson

31/10/2017 15h12

(Bloomberg) -- Uma ação judicial que acusa a Microsoft de discriminação contra mulheres em cargos técnicos e de engenharia poderá se tornar muito maior se ganhar categoria de ação coletiva.

Em um momento em que o setor de tecnologia se vê inundado por contestações ao domínio masculino e branco, as três mulheres que encabeçam o processo contra a Microsoft disseram a um juiz federal de Seattle, EUA, que querem representar cerca de 8.630 colegas que trabalharam para a empresa desde 2012.

As mulheres disseram que seus consultores especializados determinaram que a discriminação na empresa com sede em Redmond, Washington, custou às funcionárias mais de 500 promoções e entre US$ 100 milhões e US$ 238 milhões em remunerações, segundo documentos judiciais de 27 de outubro. Além disso, acusaram a produtora de software de manter uma atmosfera "abusiva e tóxica de 'clube do Bolinha' em que as mulheres são ignoradas, abusadas ou degradadas".

A Microsoft afirma que discorda fortemente das acusações e que as declarações "descaracterizam dados e outras informações".

Processos similares abertos por engenheiras contra o Twitter, o Google, pertencente à Alphabet, e a Uber Technologies estão pendentes. O caso da Microsoft, aberto em setembro de 2015, pode ser o primeiro a se transformar em ação coletiva. A audiência para tratar do pedido por esse status foi programada para 9 de fevereiro.

Assédio sexual

Nas declarações ao tribunal, funcionárias antigas e atuais da Microsoft citam casos de colegas de trabalho homens que ignoraram o que elas tinham a dizer em reuniões e as assediaram sexualmente. Os supostos assédios englobam diálogos sobre o corpo delas, olhares fixos para seus seios e a organização de uma festa do Xbox que incluiu mulheres com pouca roupa para dançar sobre as mesas.

A Microsoft negou as alegações das mulheres de que os homens têm salários maiores e são promovidos com mais frequência. A empresa citou um estudo interno de 2016 que apontou que as mulheres ganhavam 99,9 centavos de dólar para cada dólar ganho pelos homens.

As mulheres dizem que o estudo é uma "farsa" e afirmam em declaração à Justiça que a empresa "falsificou" os números de propósito incluindo outros fatores na análise que negaram o efeito da alegada discriminação de gênero.

O CEO da Microsoft, Satya Nadella, disse em 2014 que a diferença no salário básico entre funcionários de diferentes gêneros e etnias era de "menos de 0,5 por cento".

'Carma bom'

Mas ele teve problemas quando, ao discursar em uma conferência feminina sobre tecnologia, em 2014, disse que as mulheres deveriam aceitar como questão de fé que serão remuneradas de forma justa e afirmou que não pedir aumentos é "um carma bom".

A Microsoft afirmou na segunda-feira que está empenhada em "construir uma força de trabalho diversificada e inclusiva na qual todos os funcionários tenham chance de sucesso".

"Embora tenhamos feito progressos importantes ao longo dos anos, incluindo o aumento da representação diversificada e a expansão do treinamento, estamos constantemente aprendendo e trabalhando para melhorar", disse uma porta-voz, por e-mail.

--Com a colaboração de Dina Bass