IPCA
0,83 Abr.2024
Topo

Setor financeiro do Brasil aposta em novatos na política

O apresentador Luciano Huck é cotado para disputar a Presidência - Reprodução/UOL/Anderson Borde/AgNews
O apresentador Luciano Huck é cotado para disputar a Presidência Imagem: Reprodução/UOL/Anderson Borde/AgNews

Bruce Douglas

21/11/2017 13h43

(Bloomberg) -- Frustrados com anos de subornos e mal-estar econômico, grandes nomes do mundo corporativo e financeiro do Brasil estão se envolvendo cada vez mais com a política à medida que se aproxima a eleição de 2018, que será um divisor de águas.

Um exemplo é Gustavo Franco, um dos arquitetos do histórico programa de estabilização econômica do País, o Plano Real, que recentemente se juntou ao Partido Novo --defensor do livre mercado e fundado por um banqueiro proeminente. Outro é Armínio Fraga, sucessor de Franco no Banco Central, que está apoiando o Renova, uma espécie de escola de formação para potenciais políticos.

Com 26 partidos no Congresso --do Partido Pátria Livre ao Partido Humanista da Solidariedade--, não faltam opções para os eleitores brasileiros. Mas essa variedade de alternativas não conseguiu deter, e talvez até tenha exacerbado, um monumental escândalo de corrupção e uma recessão devastadora que abalou a confiança dos investidores e dos eleitores no futuro do Brasil. Agora, alguns dos cidadãos mais ricos e engajados do País estão buscando novas formas de moldar a política nacional.

"A população brasileira está decepcionada com o establishment político", disse Eduardo Mufarej, fundador da empresa de investimentos Tarpon Investimentos e o cérebro por trás do Renova. "Eles adorariam ver pessoas novas em quem poderiam votar."

O Renova, apoiado pelo apresentador de TV --e possível candidato à presidência-- Luciano Huck, está reunindo um grupo de doadores ricos para financiar um programa de treinamento de seis meses e bolsas de estudo para cerca de 150 políticos potenciais. O curso começa em janeiro, com a esperança de que pelo menos alguns concorram nas eleições estaduais e do Congresso no próximo ano.

No currículo: habilidades de liderança, como funciona o sistema político do País, além de áreas de interesse estratégico para o Brasil, como segurança, educação, pobreza e sustentabilidade.

Os graduados que ganharem a eleição devem se comprometer a terminar seu mandato, explicar seus votos nas redes sociais e comandar seu gabinete pessoal com um custo mínimo para os contribuintes. Mufarej diz que sua organização não exigirá nada mais de seus alunos.

Para Michael Mohallem, professor da Faculdade de Direito da Fundação Getúlio Vargas no Rio de Janeiro, organizações como o Renova e o Movimento Brasil Livre, um grupo de pressão conservador e impetuoso, do estilo de um Tea Party brasileiro, são uma resposta à dificuldade que os partidos tradicionais estão tendo para atrair novos nomes após o enorme escândalo de corrupção. A lei brasileira proíbe que políticos não afiliados se candidatem a cargos eletivos.

"Os partidos deixaram de ser uma opção fácil para pessoas de fora", disse ele. "Muitos dos grandes partidos estão profundamente envolvidos em esquemas de corrupção. A sociedade rejeita todos. Então, para alguém que não está na política, há muito a perder."

Partido Novo

Partidos economicamente liberais que defendem de modo explícito um Estado pequeno continuam sendo uma relativa raridade em um País ainda muito protecionista. Mas João Amoêdo, membro do conselho do Banco Itaú BBA e pré-candidato à presidência do Partido Novo, acredita que há um apetite cada vez maior pela mensagem de livre mercado de seu partido.

Fundado por um grupo de amigos do setor de serviços financeiros em 2011, o Partido Novo é uma espécie de raridade, porque não surgiu a partir de uma igreja, de um sindicato nem de outro movimento político e atualmente não possui políticos.

Furar fila e comprar pirata são as corrupções do dia a dia do brasileiro

UOL Notícias