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Reuniões com clientes na academia, a nova moda de Wall Street

Kate Krader e Arie Shapira

12/01/2018 13h56

(Bloomberg) -- Muitas tendências de saúde surgem e, pouco depois de você ter comprado aquela prensa para fazer suco, elas já praticamente desapareceram.

No entanto, no mundo dos negócios, a tendência a unir reuniões com clientes à malhação só aumenta em centros de treinamento intensivo, como o Barry's Bootcamp, a SoulCycle e a Rumble, e em academias, como a Equinox. Essa moda vem crescendo há um tempo entre profissionais de relações públicas e do setor de entretenimento em cidades como Nova York e Los Angeles, e os banqueiros aos poucos começaram a adotar esse modelo nos últimos anos. Agora, Wall Street está completamente engajado nessa mentalidade.

"Em vez de saírem, vejo que muitos se divertem malhando antes e depois do trabalho", diz Sean Liebowitz, diretor e trader de energia/industriais da Sanford Bernstein, que menciona especificamente Rumble, SoulCycle e Ripped como locais populares.

No Barry's Bootcamp, onde a maioria dos treinamentos maximum cardio é feita em esteiras a 16 km/h, o número de reservas antecipadas para garantir esteiras lado a lado aumentou. Vicky Land, vice-presidente de comunicações e estratégia de marca do Barry's, observa que esse tipo de serviço tem um preço mais alto.

"Muitas vezes trabalhamos como zeladores para garantir que as esteiras lado a lado. Fazemos isso muito frequentemente para o pessoal de finanças", diz ela. "Temos muitos 'espaços duplos' para o entretenimento com transpiração."

O custo é de US$ 50 por pessoa, quase 30 por cento a mais que uma aula comum. A experiência valida esse custo, diz Land.

"Hoje em dia, tudo se baseia em relacionamentos. Se você e o cliente se divertirem malhando, isso tem um impacto muito maior do que negociar em um jantar", diz ela.

Pedidos

Na SoulCycle, o destino para quem gosta de ciclismo de alta intensidade, agora existe uma equipe de vendas corporativas de quatro pessoas para atender à demanda por eventos e pedidos empresariais especiais. "Há um limite para a quantidade de bifes que os empresários querem comer por semana", diz Gabby Etrong Cohen, vice-presidente sênior de relações públicas e estratégia de marca. "De modo geral, as pessoas estão sem tempo, elas não têm quatro horas para jogar golfe nem duas para um jantar com bebidas alcoólicas. Além disso, elas querem fazer algo de bom por elas, além de conseguir contatos assim."

Devin Murphy, que trabalhou mais de 4 anos no hedge fund Coatue Management e outros quatro na Sypartners como consultora de empresas Fortune 100, frequentava o Barry's como cliente cinco vezes por semana e agora se tornou a vice-presidente de operações. Ela considera que o aumento da demanda por aulas no Barry's observado no ano passado é o fator que torna as empresas competitivas para os funcionários. "Os departamentos de recursos humanos do setor de finanças sempre nos diziam que os funcionários batiam na porta deles para pedir que isso seja incluído no pacote de bem-estar."

Algumas empresas adotam uma abordagem ainda mais direta, segundo Murphy. Ela diz que é comum que hedge funds compem aulas inteiras para apenas 15 pessoas. "Em parte, trata-se de fazer contatos, em parte, de construir equipes. Vemos que o pessoal das finanças faz isso pelo menos uma vez por semana."