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Promessa do Citigroup não resolve disparidades de gênero e raça

Jordyn Holman e Max Abelson

18/01/2018 14h02

(Bloomberg) -- Nesta semana, o Citigroup se tornou o primeiro grande banco dos EUA a publicar suas diferenças salariais de gênero e raça e comprometer-se a eliminá-las. Muitos comemoraram essa promessa como um avanço, mas alguns banqueiros atuais e antigos estão menos otimistas.

O banco informou que as disparidades salariais para mulheres e minorias em seus escritórios nos EUA, no Reino Unido e na Alemanha são de apenas 1 por cento, tendo em conta os cargos de trabalho, a experiência e outros fatores que afetam a remuneração. No entanto, no final deste ano o banco informará outra versão de suas diferenças salariais entre homens e mulheres que provavelmente será muito maior.

No Reino Unido, as empresas com pelo menos 250 funcionários estão obrigadas, pela primeira vez, a divulgar a diferença entre quanto homens e mulheres ganham, em média - sem levar em conta esses fatores atenuantes. Em muitas companhias, essas médias mostram que os homens brancos detêm um número desproporcional dos empregos de maior remuneração e que as mulheres tendem a ser agrupadas em cargos com salários mais baixos. No Citigroup, a situação não é diferente.

Funcionários atuais e antigos do Citigroup disseram que querem que o banco e seus pares abordem os aspectos mais fundamentais da ausência de mulheres e de pessoas negras em posições de poder. Um executivo do Citigroup, que pediu anonimato para falar abertamente sobre a instituição, quer mais oportunidades de recrutamento para os banqueiros negros. A maneira como Wall Street recruta novos trabalhadores e dá oportunidades de promoção precisa mudar, disseram.

"Não estamos satisfeitos com os níveis atuais de mulheres e minorias em cargos seniores em nossa firma, e nossos líderes estão se comprometendo a tornar nossa instituição mais diversificada", disse Jennifer Lowney, chefe de comunicação corporativa do Citigroup, em comunicado. "Sabemos que temos muito trabalho a fazer nesta área de importância crítica e estamos empenhados em progredir."

As mulheres constituem pouco mais da metade da força de trabalho dos bancos nos EUA há pelo menos uma década, mas representam apenas 24 por cento dos gerentes seniores e executivos, de acordo com informações publicadas no site do Citigroup. As mulheres ocupam cerca de 41 por cento dos cargos de gestão de nível inicial e médio, menos que a proporção de 48 por cento registrada em 2007. As pessoas mais bem remuneradas do banco são homens. Dos cinco executivos cujo salário está listado no documento regulatório mais recente, incluindo o CEO Michael Corbat, apenas um é mulher: Jane Fraser, cuja remuneração de US$ 7,9 milhões é a menor das cinco.

No Citigroup, assim como no JPMorgan e no Goldman Sachs, a porcentagem de executivos e gerentes seniores negros caiu entre 2012 e 2016, de acordo com dados da força de trabalho dos EUA compilados pela Bloomberg. A diversidade negra também caiu nesses cinco anos para todos os funcionários do Citigroup, do JPMorgan e do Bank of America nos EUA.

--Com a colaboração de Yalman Onaran e Dakin Campbell