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Empresas de beleza investem em startups do Vale do Silício

Bruce Einhorn e Lisa Du

18/04/2018 12h03

(Bloomberg) -- A Shiseido, empresa japonesa que vende cosméticos Laura Mercier e perfumes Dolce & Gabbana, vendeu 1 trilhão de ienes (US$ 9,3 bilhões) em produtos de beleza no ano passado, principalmente em lojas tradicionais, onde os clientes podem experimentar marcas pessoalmente.

Isso é um problema para Masahiko Uotani, o CEO da Shiseido. Os consumidores na adolescência e na casa dos 20 geralmente preferem fazer compras pela internet, fora do alcance dos vendedores das lojas. A solução que Uotani encontrou foi estabelecer parcerias com - e até mesmo comprar - pequenas startups do Vale do Silício e de outros centros de tecnologia para ganhar experiência em inteligência artificial, realidade aumentada e outras tecnologias.

Sua ambição é ajudar os consumidores a replicar pela internet a experiência de provar cosméticos em uma loja e usar os dados de dispositivos inteligentes para criar maquiagens personalizadas para os clientes.

"Particularmente no caso da geração mais jovem, muitas vezes eles não entram nas lojas", disse Uotani em entrevista. "A maneira de comprar e de compartilhar sua empolgação com os amigos é completamente diferente em comparação com as gerações mais antigas."

A tecnologia está subvertendo a indústria de beleza global, avaliada em US$ 440 bilhões. Embora apenas cerca de 6,9 por cento das vendas tenham sido realizadas pela internet em 2016, de acordo com a Euromonitor International, o comércio eletrônico está se tornando mais importante à medida que as vendas on-line crescem na China e em outros mercados. Em 2013, menos de 5 por cento das vendas do setor foram realizadas pela internet.

A China provavelmente ultrapassará US$ 1 trilhão em vendas de varejo on-line em 2018, segundo a Forrester Research. As grandes marcas estão se empenhando para acompanhar essas mudanças acentuadas nos hábitos de compra na maior economia da Ásia e em todo o mundo.

A francesa L'Oréal informou em 16 de março que compraria, por uma quantia não revelada, uma empresa canadense de tecnologia, a ModiFace, que tem mais de 70 funcionários. A ModiFace desenvolve um software que possibilita que os consumidores usem realidade aumentada para ver como ficariam com diferentes tipos de blushes e sombras. A L'Oréal também fez uma parceria com o empresário francês de telecomunicações Xavier Niel para criar um acelerador para empresas de tecnologia de beleza.

Pele artificial

A gigante de luxo francesa LVMH também está trabalhando com Niel. A empresa anunciou em 10 de abril o programa La Maison des Startups para apoiar os empreendedores do campus de Niel em Paris para novas empresas que desenvolvem tecnologias e serviços para perfumes e cosméticos, e também para vinho, moda e outros negócios da LVMH.

A Shiseido divulgou em 11 de janeiro a aquisição, por uma quantia não revelada, da equipe de pesquisa e desenvolvimento e de outros ativos da Olivo Laboratories, uma startup especializada em tecnologia de pele artificial com sede em Watertown, Massachusetts, perto de Harvard e MIT. A pele artificial ainda não foi comercializada, embora a empresa afirme que ela pode ser usada de várias maneiras, inclusive como uma camada de base sob a maquiagem.

Entre outras aquisições da Shiseido está a MatchCo, uma startup da Califórnia comprada por uma quantia não revelada em 2017. A MatchCo desenvolve um software que os clientes podem usar pelo smartphone para criar produtos de base personalizados que combinam com seu tom de pele.

--Com a colaboração de Daniela Wei