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Rei mundial do lítio está pronto para produzir muito mais

Laura Millan Lombrana

26/04/2018 14h27

(Bloomberg) -- Uma empresa chilena pouco conhecida, que até pouco tempo produzia principalmente nutrientes agrícolas, poderia ser a chave para o futuro da produção de veículos elétricos. E uma empresa de mineração chinesa está se preparando para ficar com uma grande parte dela.

A Sociedad Química y Minera de Chile é dona do depósito de lítio mais rico do mundo. A empresa já produz mais de 20 por cento da oferta global e está prestes a produzir muito mais. A SQM irá, pelo menos, dobrar e até quadruplicar a capacidade de produção de lítio graças a acordos recentes entre a empresa e o governo chileno. Aumentar a produção do mineral, que antes era usado principalmente como ingrediente principal de remédios para a esquizofrenia, ajudará a atender a demanda aparentemente insaciável dos fabricantes de carros elétricos.

"Há uma preocupação legítima dos fabricantes de baterias quanto à disponibilidade de oferta a longo prazo", disse Daniel Jiménez, vice-presidente da SQM, que recentemente estimou que o setor necessitará de um investimento de capital de US$ 10 bilhões a US$ 12 bilhões nos próximos dez anos para atender a demanda.

Mudanças

O sinal verde para extrair muito mais lítio, combinado com as mudanças pendentes na estrutura de propriedade da empresa colocaram subitamente a SQM na mira de várias empresas globais de mineração, entre elas a Rio Tinto Group, a gigante com sede em Londres. Entre os concorrentes mais agressivos está a chinesa Tianqi Lithium, que fez uma oferta para comprar ações da SQM com um prêmio de 20 por cento, disse o ex-diretor da Corfo, a agência de desenvolvimento do governo, Eduardo Bitran, neste ano.

Christopher Perrella, analista da Bloomberg Intelligence, diz que uma tentativa dos chineses de controlar a SQM faz sentido. "Os chineses consideram os veículos elétricos como um foco tecnológico fundamental", disse ele. "A maioria das baterias elétricas do mundo é fabricada na China e o acesso ao lítio seria de interesse estratégico."

Os preços do lítio atingiram altas históricas graças à força da crescente produção de veículos elétricos e a demanda deve aumentar cerca de 12 por cento por ano nos próximos 20 anos, de acordo com a SignumBOX, uma consultoria de lítio com sede em Santiago.

Autorização

No Chile, onde o lítio é considerado um mineral estratégico, a SQM precisou da autorização do governo para aumentar a produção. Como parte do acordo, a Corfo pediu que Julio Ponce, ex-genro do falecido ditador militar Augusto Pinochet, renunciasse ao controle da empresa, que deteve por três décadas.

A SQM e a Tianqi, combinadas, teriam "influência" sobre cerca de 70 por cento do mercado mundial de lítio, de acordo com as estimativas da solicitação. A Tianqi também é parceira da Albemarle na joint venture Talison Lithium, que inclui a mina gigante de Greenbushes na Austrália. A Albemarle também explora lítio no Chile.

"O mercado de lítio sempre foi e continuará sendo um oligopólio", disse Chris Berry, analista de metais para energia em Nova York e fundador da House Mountain Partners.

--Com a colaboração de Martin Ritchie