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Especialistas recomendam período sabático no meio da carreira

Ben Steverman

25/07/2018 12h51

(Bloomberg) -- Milhões de norte-americanos estão obcecados com a própria carreira e se preocupam em poupar, com medo de não ter o suficiente para se aposentar. O conselho que alguns especialistas estão oferecendo poderia surpreender essas almas atormentadas: tire meses ou anos de folga do trabalho, viaje pelo mundo e divirta-se.

Há uma lógica prudente em fazer uma pausa para relaxar no meio da carreira. Com vidas mais longas vêm carreiras mais longas e aposentadorias mais longas --a primeira para conseguir bancar a segunda. Mas uma carreira de 40 anos, que termina aos 60 ou 65 anos, é uma perspectiva muito diferente de uma carreira de 50 anos que termina aos 70 ou 75 anos.

"É cansativo demais. Precisamos fazer pausas", diz Lynda Gratton, professora da London Business School e coautora do livro "The 100-Year Life: Living and Working in an Age of Longevity" ("A vida de 100 Anos: Vivendo e Trabalhando na Era da Longevidade").

Por que não pegar parte da aposentadoria reservada para o final da vida e distribuí-la para a metade de sua vida?
Lynda Gratton, professora da London Business School

O período sabático --uma oportunidade de recarregar as baterias na metade da carreira-- não é uma ideia nova e continua sendo comum no meio acadêmico.

Mas, até pouco tempo atrás, a maioria das pessoas nem sonharia em largar o emprego só para se divertir durante um ou dois anos. E, como Gratton reconhece, isso ainda é uma impossibilidade financeira para a grande maioria dos trabalhadores.

No entanto, para os trabalhadores bem remunerados de campos de alta demanda, como tecnologia, a ideia pode estar entrando na moda.

A gestora online de recursos Wealthfront, que tem sede no Vale do Silício, lançou uma ferramenta nesta quarta-feira (25) que permite que os clientes avaliem se podem bancar uma folga para viajar. Eles podem definir uma viagem de meses ou anos como prioridade, juntamente com outros objetivos, como se aposentar ou comprar uma casa.

O sonho

Kyle Parrish e sua esposa, Kate, ambos clientes da Wealthfront com pouco mais de 30 anos, voltaram para São Francisco em novembro depois de rodar o mundo em uma viagem de 15 meses. Eles visitaram 25 países e todos os continentes, exceto a Antártida.

Fizeram amigos e mantiveram os custos baixos: hospedaram-se com moradores locais e trabalharam em fazendas na Eslovênia e na Patagônia. A viagem custou US$ 40 mil e exigiu que Parrish largasse um emprego bom, embora intenso, no departamento de vendas da Dropbox, a empresa de armazenamento em nuvem com sede em São Francisco.

Eles não se arrependem. "Você só tem uma vida", disse ele à Bloomberg por telefone. "Como ser humano, você precisa parar e se revigorar."

O cofundador da Wealthfront, Dan Carroll, de 36 anos, disse que a atitude dos clientes, especialmente os mais jovens, mudou: "A aposentadoria deixou de ser o objetivo final. Queremos viver vidas mais ricas hoje, em vez de esperar para começar a vida na aposentadoria".

Fazer uma pausa para viajar não é uma loucura, especialmente para a geração do milênio, porque isso pode ajudar a dar força aos trabalhadores para carreiras mais longas e sustentáveis, diz Jamie Hopkins, professor e diretor do programa de aposentadoria da American College of Financial Services.

A perspectiva de uma viagem futura também dá aos jovens trabalhadores uma razão a mais para economizar, viver de acordo com os próprios meios e pagar dívidas - um incentivo que é muito mais forte do que o sonho de se aposentar após várias décadas.