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Rachaduras aparecem no mercado imobiliário de capitais globais

Bloomberg News

01/08/2018 13h05

(Bloomberg) -- De Londres a Sidney e de Pequim a Toronto, os preços dos imóveis residenciais em algumas das cidades mais disputadas do mundo estão em queda.

Mudanças tributárias, demanda fraca, valores desequilibrados em relação à acessibilidade e padrões mais rígidos para a obtenção de empréstimos estão abalando o mercado. Isso poderia ter consequências mais amplas, porque os ricos do mundo têm comprado casas em vários continentes, o que significa que uma desaceleração em um país poderia representar uma ameaça maior aos mercados de outros lugares, segundo o Fundo Monetário Internacional.

A seguir, explicações sobre as rachaduras que estão aparecendo em alguns dos mercados imobiliários mais exclusivos e cobiçados do mundo.

Queda das vendas em Londres

Os preços na capital do Reino Unido começam a cair porque os temores com relação ao impacto do Brexit, uma desaceleração da economia e os preços altos estão enfraquecendo a demanda. Os volumes de vendas estão em baixa e mais imóveis estão entrando no mercado diante da mudança de sentimento. O preço dos imóveis nos melhores distritos do centro de Londres caiu quase 18 por cento em relação ao pico registrado em 2014, e algumas residências chegaram a perder um terço de seu valor, segundo pesquisa da Savills. Ao mesmo tempo, as incorporadoras começaram a trabalhar em um número recorde de apartamentos caros, o que gerou um excesso de coberturas que custam milhões de libras em uma cidade com uma escassez crônica de moradias a preços acessíveis.

Compradores à espera em Pequim

A repressão da China ao superaquecimento dos preços dos imóveis congelou as vendas e deixou os valores em uma tendência de baixa. Mais de 30 medidas restritivas, desde limites de compra a restrições de hipotecas, ajudaram a levar as vendas por área a um piso histórico neste ano. Novas casas estão sendo oferecidas por menos que as preexistentes por algumas incorporadoras que enfrentaram fortes restrições financeiras. Mais ventos contrários virão: a cidade quer aumentar a oferta de aluguéis, de moradias acessíveis e de imóveis subsidiados pelo governo, por isso alguns compradores estão adiando as compras.

Sidney: fim do 'medo de ficar de fora'

Os preços dos imóveis residenciais na maior cidade da Austrália estão despencando devido a restrições de crédito, distensão da acessibilidade e o fim do "medo de ficar de fora". Alarmados com a corrosão dos padrões de empréstimos na disputa por participação de mercado, os órgãos reguladores reduziram progressivamente os empréstimos de risco - tais como hipotecas só de juros - e fizeram com que os bancos endurecessem as verificações de despesas e de renda, que eram brandas. Com isso, ficou mais difícil obter crédito, principalmente para os investidores que estavam dirigindo o mercado. O nível de preços já é o segundo mais caro do mundo em comparação com a renda, de acordo com a Demographia, e as restrições à acessibilidade também afetam o mercado.

Sinais de alerta em Toronto

Toronto mostra que os preços dos imóveis residenciais podem se recuperar rapidamente após uma queda, mas problemas poderiam surgir na forma de tensões comerciais crescentes com os EUA e devido à possibilidade de novos aumentos das taxas de juros. Os preços dos imóveis residenciais recuperaram grande parte do declínio em relação ao pico de abril do ano passado. A demanda continua superando a oferta, apesar dos esforços do governo para impedir a compra especulativa.