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Novos modelos invadem os salões de automóveis clássicos

Hannah Elliott

14/08/2018 13h54

(Bloomberg) -- Na próxima semana, mais de 20.000 fãs de carros irão para Pebble Beach, na Califórnia, uma península no Pacífico que fica a 90 minutos ao sul do Vale do Silício, para uma das exposições de carros clássicos mais importantes do planeta, a Pebble Beach Concours d'Elegance. Vai ter uma Ferrari 330 GTC Speciale azul aurora de 1967, que, segundo as estimativas, será arrematada por US$ 3,3 milhões a US$ 3,8 milhões, e um Aston Martin DP 215 Grand Touring Competition Prototype de 1963, que deve arrebatar entre US$ 18 milhões e US$ 22 milhões.

Projeta-se que o total de vendas em leilões de nomes como Bonhams, Gooding & Co. e RM Sotheby's chegue a US$ 342 milhões neste ano, 4 por cento a mais que em 2017 e o máximo desde o total recorde de US$ 428 milhões em 2014, segundo previsões da Hagerty.

Mas as fabricantes de carros de luxo estão passando a usar Pebble Beach como uma oportunidade para exibir carros novos, aproveitando o glamour dos antigos. Neste ano, a Bugatti lançará um supercarro chamado Divo. A Audi apresentará seu carro-conceito elétrico, o PB 18 e-tron. Mercedes-Benz, Genesis, Infiniti e outras revelarão conceitos futuristas inéditos. A Porsche exibirá um 933 911 Turbo especial chamado "Project Gold", que seria um carro único feito em parceria com o Porsche Classic Center e a Porsche Exclusive que deve ser leiloado para caridade no próximo trimestre.

A Rolls-Royce também organizará vários eventos privados em mansões no topo das colinas para celebrar seu SUV Cullinan, de US$ 325.000. A Bentley destacará seu novo cupê, o Continental GT, com passeios para a imprensa por Big Sur, organizará jantares e coquetéis exclusivos e, para os amigos da marca, proporcionará acomodações no The Inn at Spanish Bay do histórico campo de golfe. A McLaren exibirá o supercarro 600 LT, de US$ 240.000, apresentado primeiro em Goodwood, para sua estreia na América do Norte. E a Polestar - cujo carro-conceito elétrico, o Polestar 1, chegará ao mercado daqui a um ano - realizará uma enorme exposição no morro do lado do Clube de Golfe de Pebble Beach durante a semana.

Esta mudança ocorre às custas dos tradicionais salões de automóveis de Detroit e Nova York. Nos últimos anos, Lamborghini, Ferrari, Bentley e Rolls-Royce, entre outras, preferiram não exibir carros novos em nenhum dos lugares dos EUA onde marcas tradicionalmente anunciam modelos novos.

Enquanto isso, o dinheiro de muitas corporações, da McLaren à Ford Motor, aumentou o tamanho e o escopo de festivais semelhantes. Em julho, o Goodwood Festival of Speed, na Inglaterra, alcançou dimensões gigantescas, com quase 500.000 visitantes amontoados em um calor atípico para a estação sob os stands das fabricantes, montados como pavilhões do circo Barnum & Bailey durante os quatro dias do festival. Nos EUA, o Salão do Automóvel de Detroit anunciou que em 2020 reprogramará sua exibição anual, organizada tradicionalmente em janeiro, para junho na esperança de deixar de perder público.

"A situação é bastante extrema: pelo mesmo custo, você vende muito mais carros em Pebble Beach", diz John Paolo Canton, diretor de comunicações da Polestar, subsidiária de luxo da Volvo. De fato, para as fabricantes de carros, custa mais ou menos a mesma quantia - cerca de US$ 1 milhão - participar de um salão do automóvel tradicional ou da Monterey Car Week (ou da Goodwood, por exemplo).