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Escândalo do Danske Bank adia leis contra crimes financeiros

Peter Levring

23/08/2018 13h27

(Bloomberg) -- Políticos da Dinamarca estão tão chocados pela magnitude da má conduta no setor financeiro que precisam de mais tempo para trabalhar na legislação que visa assegurar a honestidade dos bancos.

Uma proposta com penalidades maiores para lavagem de dinheiro, que era para ter sido concluída durante o segundo trimestre, só será apresentada em outubro, na melhor das hipóteses, de acordo com pessoas com conhecimento do processo.

O principal motivo do atraso é o escândalo envolvendo o Danske Bank. Segundo investigações, US$ 9 bilhões ? de russos principalmente ? foram lavados por meio do banco entre 2007 e 2015. A enormidade das potenciais violações é tal que políticos dinamarqueses exigem que a proposta seja muito mais rigorosa. As autoridades também precisam de mais tempo para decidir como calcular multas e o tamanho das penalidades, disse uma das pessoas entrevistadas.

O Danske Bank já é alvo de investigações criminais na Dinamarca e Estônia. De acordo com Morten Bodskov, que já foi ministro da Justiça e atua como porta-voz da oposição pelos Sociais Democratas, o escândalo também levou parlamentares a reformular uma estratégia para combater crimes financeiros, que pode ser apresentada na semana que vem.

"Apesar de acordos, leis e esforços abrangentes para limpar o setor, ocorreram diversos casos nos últimos anos que abalaram a confiança nos bancos", afirma a proposta dos Sociais Democratas. "Panama Papers, Lux-leaks e o grande escândalo atual de lavagem de dinheiro no Danske Bank são os últimos exemplos das falhas e da desonestidade dos bancos."

O Danske Bank declara que está cooperando com as autoridades e que planeja publicar as conclusões de uma investigação interna antes do fim de setembro.

As medidas atualmente consideradas pelos parlamentares dificilmente serão retroativas. Provavelmente as potenciais violações do banco ainda serão cobertas por leis mais antigas, na medida que não prescrevem.

Em maio, a Autoridade de Supervisão Financeira da Dinamarca determinou que o Danske Bank separasse mais US$ 800 milhões em capital regulatório em conexão com o caso de lavagem de dinheiro. Desde então, veio à tona que as quantias lavadas por meio do banco podem ter sido muito maiores do que se imaginava. Alguns analistas acham que o Danske Bank pode sofrer uma penalidade significativa.

"Queremos que as multas correspondam ou excedam o que o banco pode ter ganhado com lavagem de dinheiro", afirmou Lisbeth Bech Poulsen, porta-voz da oposição pelo Partido Popular Socialista. "Não dá para um banco ganhar mais dinheiro violando a lei do que pagará em penalidade se for pego."

Bill Browder, fundador e presidente da Hermitage Capital, entrou com queixa criminal contra o Danske Bank, acusando a instituição de lavagem de dinheiro. Segundo ele, os legisladores precisam elaborar medidas apropriadas para retirar esses incentivos.

"O grau de seriedade e agressividade das autoridades nesses casos determinará se bancos e outros intermediários continuarão facilitando a lavagem de dinheiro no futuro", disse Browder.

--Com a colaboração de Frances Schwartzkopff.