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Perda na especulação cambial em emergentes é recorde em agosto

Netty Idayu Ismail e Filipe Pacheco

30/08/2018 09h58

(Bloomberg) -- Agosto costuma ser um mês cruel nos mercados emergentes. Por um critério, o deste ano foi o pior da história.

Um índice cambial Bloomberg que acompanha o retorno com operações de "carry trade" (operação na qual investidores que captam dinheiro onde o juro é baixo para comprar ativos de maior rendimento) financiadas por posições vendidas em dólar em oito economias emergentes desabou 6 –a maior queda em agosto desde que os dados começaram a ser compilados, em 1999.

A postura agressiva do banco central americano impulsionou o dólar para o maior nível em 14 meses, ao mesmo tempo em que crises cambiais da Turquia à Argentina e a guerra comercial com a China reduzem a demanda por ativos de risco.

Entre as moedas de nações em desenvolvimento, lira turca, peso argentino, real e rublo russo foram as mais afetadas, diminuindo o retorno do "carry trade".

Movimentos violentos são frequentes em agosto, quando muitos investidores saem do mercado para aproveitar as férias de verão no Hemisfério Norte. O ritmo de compra e venda de ativos diminui e choques podem causar oscilações exageradas nos preços.

Muitas vezes, as autoridades também estão ausentes, não provendo a resposta que investidores esperariam em outras épocas do ano, explicou Richard Segal, analista sênior da Manulife Asset Management, em Londres.

A fraqueza na Turquia contribui para a fraqueza na Argentina e vice-versa, de acordo com Segal. "A atratividade fundamental dos mercados emergentes não muda e, em patamares menores, os compradores voltarão, como sempre fazem quando a percepção de volatilidade diminui."

O custo da proteção contra calote por países em desenvolvimento durante cinco anos deu em agosto o maior salto desde pelo menos 2007, segundo o Markit CDX Emerging Markets Index.

Por outras métricas, relatadas a seguir, este agosto é o mais sofrido desde 2015, quando a desvalorização da moeda chinesa abalou os mercados:

  • O índice MSCI de moedas de mercados emergentes caiu 1,8%
  • O índice MSCI de ações de países em desenvolvimento recuou 1,8%
  • O índice JPMorgan Chase de oscilações esperadas nas moedas de países em desenvolvimento subiu 22%
  • O índice Citigroup de aversão a risco nos mercados emergentes disparou 161% neste mês

"Ninguém quer bancar o herói em agosto", disse Segal, da Manulife.