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Chefe da Intel diz que críticos precisam pensar grande

Ian King

31/08/2018 14h53

(Bloomberg) -- Os críticos da Intel a veem como um gigante sem cabeça rodeado por rivais velozes prontos para tirar seu domínio. Para Navin Shenoy, chefe do negócio de maior sucesso da fabricante de chips, os críticos estão subestimando as oportunidades que têm à frente.

Shenoy está à frente do Data Center Group da Intel, que controla quase 100 por cento do crescente mercado de processadores para centros de dados. Muitos investidores temem que as concorrentes possam tirar parte desse domínio pelo fato de a Intel ter adiado o uso de uma nova e importante tecnologia de produção. Eles deveriam observar o progresso que a empresa está fazendo em outras áreas com diferentes tipos de chips, disse.

Os chips de memória programável e os processadores de inteligência artificial estão levando a Intel a outros segmentos lucrativos do ramo de centros de dados, como redes e armazenamento. Esse mercado mais amplo valerá US$ 200 bilhões por ano dentro de cinco anos, disse Shenoy. A unidade dele registrou US$ 19 bilhões em vendas no ano passado.

"Temos trabalho pela frente para fazer as pessoas entenderem que vemos o mundo como um mercado de US$ 200 bilhões no qual temos 30 por cento de participação", disse, em entrevista, na sede da empresa, em Santa Clara, Califórnia. "Não dominamos o ramo de centros de dados."

Produto do programa de assistência técnica da empresa, no qual funcionários promissores atuam como aprendizes de executivos seniores, Shenoy, 45, conseguiu trabalhar até chegar a um dos principais cargos da empresa em um ambiente competitivo.

Enquanto a estrela dele está em ascensão, o chefe de Shenoy, o CEO Brian Krzanich, foi demitido em junho. Algumas semanas depois, a Intel deu mais detalhes a respeito do adiamento de uma nova e importante tecnologia de produção, o que derrubou as ações. O atraso oferece uma chance a rivais como Advanced Micro Devices e Nvidia de competir em pé de igualdade no ramo de chips para centros de dados pela primeira vez na história, previram analistas.

Shenoy está animado com os novos desafios, mas também frustrado. As ações da Intel registram desempenho pior que o das rivais neste ano e ainda assim a empresa está a caminho de registrar mais um recorde nas vendas anuais e seu negócio de chips para centros de dados nada de braçada.

A liderança da Intel na fabricação ajudou a transformá-la na maior fabricante de chips do mundo durante mais de 20 anos. A empresa perdeu a coroa para a Samsung Electronics no ano passado.

Shenoy disse que a Intel está trabalhando duro para recolocar os avanços de produção nos trilhos, embora esse fator represente apenas parte da equação.

A empresa está aprimorando as técnicas de produção atuais e isso continuará tornando seus processadores para servidores Xeon ainda mais essenciais para operadoras de gigantescos centros de dados como o Google, da Alphabet, e a Amazon. A Intel conta com um novo tipo de chip de memória que, afirma, acelerará o processamento de dados e permitirá à empresa tirar vendas da Samsung dentro de seu território. Há também chips personalizados para rodar softwares de inteligência artificial a caminho.

Tudo isso manterá a Intel à frente das rivais, que prometeram grandes avanços, mas até agora não cumpriram. "Falar é fácil", disse Shenoy.