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Com queda na venda de refrigerante, Coca-Cola mira em cannabis

Jen Skerritt e Craig Giammona

17/09/2018 17h02

(Bloomberg) -- A maior fabricante mundial de bebidas pode ser a próxima a entrar no negócio de cannabis.

Enquanto o consumo de refrigerantes se desacelera, a Coca-Cola informa que está monitorando o segmento e está interessada no CBD - ou cannabidiol, o ingrediente não psicoativo da maconha. A empresa sediada em Atlanta vem discutindo com a canadense Aurora Cannabis o desenvolvimento de bebidas com o ingrediente, de acordo com reportagem da BNN Bloomberg Television.

"Estamos acompanhando de perto o crescimento do não psicoativo CBD como ingrediente em bebidas funcionais de bem-estar ao redor do mundo", afirmou o porta-voz da Coca-Cola Kent Landers em e-mail enviado à Bloomberg News. "O segmento está evoluindo rapidamente. Nenhuma decisão foi tomada até agora." Landers se recusou a comentar sobre a Aurora.

A possível entrada da Coca-Cola no ramo de maconha ocorreria em um momento em que fabricantes de bebida tentam adicionar cannabis como ingrediente da moda, dado que o negócio tradicional delas vem perdendo fôlego. No mês passado, a Constellation Brands, fabricante da cerveja Corona, anunciou que vai gastar US$ 3,8 bilhões para aumentar sua participação na Canopy Growth, produtora de maconha com valor de mercado superior a 13 bilhões de dólares canadenses (US$ 10 bilhões).

A Molson Coors Brewing está montando uma joint venture com a Hydropothecary, de Quebec, para desenvolver bebidas com cannabis no Canadá. A Diageo, fabricante da Guinness, está negociando com pelo menos três produtoras de cannabis do Canadá, de acordo com reportagem veiculada pela BNN Bloomberg no mês passado.

A Lagunitas, divisão de cerveja artesanal da Heineken, lançou uma marca especializada em bebidas não alcoólicas com THC, o ingrediente ativo da maconha.

A Coca-Cola já estava se diversificando para enfrentar a queda do consumo de refrigerantes. A companhia, dona de marcas icônicas como Coca e Sprite, anunciou a compra da rede Costa Coffee por US$ 5,1 bilhões em agosto e na última década passou a atuar com sucos, chás e água mineral.

As discussões com a Aurora estão focadas em bebidas com CBD para alívio de inflamação, dores e câimbras, de acordo com a reportagem da BNN Bloomberg. O CBD é o produto químico da planta com uso medicinal e não produz a alteração mental gerada pelo THC, ou tetrahydrocannabinol.

Comentário da Aurora

Heather MacGregor, porta-voz da Aurora, afirmou por e-mail que a empresa expressou interesse específico pelo mercado de bebidas e pretende entrar nele, segundo a BNN Bloomberg.

Embora a maconha seja ilegal em nível nacional nos EUA, tem aumentado a aceitação do uso de CBD para tratar dor crônica, ansiedade, epilepsia e outras doenças. O primeiro tratamento médico derivado da planta da maconha chegará em breve ao mercado americano. Em junho, os órgãos reguladores deram sinal verde ao remédio contra epilepsia desenvolvido pela GW Pharmaceuticals.

A Aurora é a terceira maior empresa de maconha do Canadá, com valor de mercado de 8,7 bilhões de dólares canadenses. A ação da companhia sediada em Edmonton, na província de Alberta, disparou junto com a de outras do segmento. O Canadá se tornará o primeiro país do Grupo dos Sete a legalizar a maconha, no dia 17 de outubro. O BI Canada Cannabis Competitive Peers Index mais que dobrou nos últimos 12 meses, apesar de ter caído 24 por cento em 2018 com temores de que as ações dessas empresas estejam sobrevalorizadas.

Repórteres da matéria original: Jen Skerritt em Winnipeg, jskerritt1@bloomberg.net;Craig Giammona em Nova York, cgiammona@bloomberg.net