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Investidor de mercados emergentes vê retomada no fim do ano

Andrew Janes

20/09/2018 15h54

(Bloomberg) -- Bem quando os mercados emergentes batiam recordes em janeiro, Damien Buchet acertou na projeção de que a valorização tinha perna curta. Agora, o diretor de investimentos para estratégias de retorno total da Finisterre Capital afirma que a recuperação vem antes do fim do ano.

Buchet passou o último mês trazendo o risco de volta para as carteiras, reduzindo a parcela aplicada em instrumentos de curtíssimo prazo de 31-32 por cento no fim de agosto para menos de 20 por cento. Ele conta que tem comprado todas as classes de ativos no México, títulos de dívida e papéis atrelados ao desempenho do PIB da Ucrânia. Ele até comprou notas de curto prazo na Argentina e aumentou a exposição à Turquia.

Por trás do otimismo do gestor, que trabalha em Londres, está a expectativa de que a fase de ascensão do dólar praticamente terminou e que a maior parte do ciclo de aperto de juros nos EUA já está embutida nos preços dos ativos. Além disso, diversos riscos idiossincráticos - incluindo as eleições no Brasil, as sanções à Rússia e a crise na Argentina - devem se resolver em poucos meses, ele lembra.

"Nas próximas quatro a oito semanas ainda enfrentaremos um período difícil, com perspectiva de deslocamento em alguns países", disse Buchet. "Mas passando as eleições parlamentares nos EUA, posso imaginar condições favoráveis para uma disparada no fim do ano."

Um índice Bloomberg Barclays que acompanha dívidas de mercados emergentes denominadas em moeda local caiu aproximadamente 10 por cento em relação ao pico atingido em janeiro. Um índice similar que acompanha a dívida externa desses países recuou 3,6 por cento desde a máxima alcançada em 8 de janeiro.

A Finisterre administra cerca de US$ 2 bilhões em títulos soberanos, corporativos e moedas de nações emergentes. A preferência recente da casa é por notas de curto prazo denominadas em moeda estrangeira, revelou Buchet.

O Finisterre Unconstrained Emerging Markets Fixed Income Fund perdeu 0,5 por cento neste ano, de acordo com dados compilados pela Bloomberg.

O México agora parece promissor e a Finisterre voltou a investir na estatal petrolífera Pemex. A assistência do Fundo Monetário Internacional abriu caminho para a decisão de comprar dívidas da Argentina e Ucrânia. Para o gestor, a dívida pública da Indonésia oferece valor após a queda causada pela reversão dos fluxos de capital.

Na Turquia, a Finisterre reduziu posições vendidas e montou posições compradas táticas após o aumento de juros pelo banco central em 13 de setembro, mas Buchet não sabe por quanto tempo a firma manterá essas alocações. Ele acha que o pior já passou em termos da contenção das crises na Turquia e Argentina.

"A boa notícia nos acontecimentos deste ano é que não se transformaram em uma grande crise causada por contágio", disse Buchet. "É uma prova de resistência."