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Credores aplaudem plano para dívida da brasileira Minerva

Gerson Freitas Jr.

21/09/2018 12h36

(Bloomberg) -- O frigorífico Minerva foi duramente castigado pelos investidores do mercado de ações nos últmos dias, após o anúncio de um plano para a redução do endividamento. Entre os detentores de títulos, a reação foi bem diferente.

As ações caíram 18 por cento desde o dia 11, quando a companhia anunciou que pretende levantar até R$ 2,5 bilhões por meio de um aumento de capital e de um IPO no Chile. Trata-se da maior queda entre os produtores globais de carne monitorados pela Bloomberg. No ano, a desvalorização chega a 56 por cento, o que faz da Minerva a pior aposta entre seus rivais internacionais e entre as maiores empresas brasileiras. As ações encerraram o pregão de quinta-feira no menor patamar desde outubro de 2011.

Entretanto, a S&P Global Ratings considerou o plano do Minerva positivo do ponto de vista do crédito, e a reação do mercado de dívidas foi consideravelmente diferente. As notas da empresa com vencimento em 2026 subiram 4 por cento desde o anúncio, reduzindo o rendimento do título para menos de 8 por cento pela primeira vez em quase um mês -- e fazendo da Minerva um destaque entre as companhias brasileiras.

Para os investidores em ações, o plano teve um ar de déjà vu, já que o frigorífico brasileiro promete há anos reduzir dívidas e aumentar os dividendos. Analistas têm dúvidas de que a Minerva será capaz de convencer os acionistas minoritários a subscrever novas ações com um prêmio de 30 por cento sobre os preços atuais e de fazer um IPO bem-sucedido no Chile em meio ao aumento das incertezas nos mercados emergentes.

A Minerva -- que também mantém operações na Colômbia, na Argentina, no Paraguai e no Uruguai -- viu seus indicadores de alavancagem piorarem em meio ao aperto do crédito e à desvalorização do real, que inflou sua dívida em moeda estrangeira. A compra de US$ 300 milhões em ativos da rival JBS, no ano passado, também ajudou a elevar a dívida.

O diretor financeiro Edison Ticle disse na semana passada que a prioridade da companhia é melhorar da estrutura de capital em meio ao amadurecimento do setor na América do Sul. A empresa não respondeu aos pedidos para que comentasse a reação do mercado ao plano anunciado na semana passada.