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Falta de trabalhadores nos EUA leva Walmart a estudar incentivo

Matthew Boyle

21/09/2018 14h37

(Bloomberg) -- A Walmart perguntou aos funcionários nos EUA quais benefícios seriam mais "significativos para novos contratados", indicando que está reavaliando como lidar com o mercado de trabalho cada vez mais apertado por lá.

Maior empregadora do setor privado naquele país, a varejista pediu aos trabalhadores que ganham por hora que dessem notas a potenciais incentivos como bônus na contratação, creche, academia, apoio escolar e serviços para animais de estimação, de acordo com uma cópia da pesquisa obtida pela Bloomberg News. A participação na sondagem foi opcional e a companhia não tem planos para adotar qualquer uma dessas opções, informou o porta-voz Justin Rushing.

"Estamos sempre ouvindo feedback de nossos colaboradores sobre como melhorar nossa oferta e experiência", disse Rushing. "Embora os resultados dessa pesquisa sejam valiosos, atualmente não temos planos para implementar nada com base nos resultados."

Para se manter competitiva junto a potenciais funcionários, a Walmart elevou o salário por hora inicial para US$ 11, distribuiu bônus e expandiu a licença-maternidade e paternidade neste ano. A rival Target passou à frente da Walmart e elevou o salário mínimo por hora para US$ 12, prometendo chegar a US$ 15 até o final de 2020.

O número de vagas abertas bateu recorde nos EUA em julho. Paralelamente, a parcela da população ocupada que pediu demissão atingiu o maior nível desde 2001, aumentando a pressão sobre a Walmart e outras grandes empregadoras para encontrar novas maneiras de atrair interessados.

Os participantes da pesquisa deram notas de 1 a 5 a dezenas de incentivos, com 5 significando "Isso seria ótimo!" e 1 significando "Eu não ligo para isso". Também foram apresentados incentivos como smartphone fornecido pela empresa, assistência para transporte, acesso imediato a cartão de descontos, acesso a folga remunerada a partir do início, vale-presentes e crédito para vestuário.

Incentivos como bônus na contratação e academia estão ficando mais populares e são preferidos pelas empresas por serem mais fáceis de reverter do que reajustes salariais em caso de piora da economia. Ao longo do último ano, mais de um terço das empresas dos EUA ampliaram benefícios, de acordo com a Sociedade para Gestão de Recursos Humanos. As principais razões citadas para a decisão foram reter e atrair novos empregados.

Junto com o reajuste salarial, a Walmart introduziu novos benefícios neste ano, como subsídio para faculdade ao custo de US$ 1 por dia para os funcionários, e ficou mais flexível em relação ao que eles vestem no trabalho. A divisão que cuida da frota de caminhões está oferecendo até US$ 1.500 para quem indica um novo empregado. A varejista também apresentou uma rede com quase 200 centros de treinamento, ensinando a milhares de funcionários novas habilidades de merchandising, atendimento ao cliente e e-commerce.

"É certamente boa notícia se a Walmart estiver tentando ser mais responsiva a quem trabalha lá", disse Adam Reich, professor-assistente de sociologia da Universidade Columbia e autor de "Working for Respect" (Trabalhando por Respeito, em tradução livre), um livro sobre funcionários da Walmart.

"Mas os tipos de benefícios que a Walmart avalia parecem, em sua maior parte, respostas a problemas gerados pela baixa remuneração e pela insegurança em termos de horário de trabalho associadas ao trabalho em locais como a Walmart."