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BMW investe US$ 4,1 bilhões por controle em parceria na China

Bloomberg News

11/10/2018 12h56

(Bloomberg) -- A BMW investirá 3,6 bilhões de euros (US$ 4,1 bilhões) para garantir o controle de sua joint venture chinesa, um acordo que lhe permitirá conservar uma parcela maior de seus lucros no maior mercado de carros do mundo e que poderia estimular suas rivais a tomar medidas semelhantes.

O acordo com a Brilliance China Automotive Holding faz da BMW a primeira fabricante de veículos a aproveitar a política da China que permite que empresas estrangeiras assumam o controle majoritário de suas parcerias locais. A fabricante de carros de luxo alemã anunciou nesta quinta-feira que aumentará sua participação no empreendimento com a Brilliance, de 50 por cento para 75 por cento.

O acordo dá à BMW mais influência sobre seus negócios na China e permite que ela conserve uma fatia maior dos lucros que gera neste enorme mercado. A China é um dos principais focos de todas as grandes fabricantes de automóveis, mas as vendas de veículos de luxo vêm se destacando à medida que a guerra comercial com os EUA reduz a demanda dos consumidores.

O acordo ajudará a BMW a diminuir o impacto das tarifas mais altas impostas na briga comercial, porque a companhia agora planeja aumentar a capacidade de produção na China e expandir a produção local de modelos, inclusive de carros elétricos.

"Consideramos que esta conquista estratégica é um divisor de águas", disse Arndt Ellinghorst, analista da Evercore ISI em Londres, em nota aos clientes. "Isso tornará a BMW mais ágil, maior e menos volátil."

Remover restrições

O pacto mostra que o governo da China está cumprindo a promessa de abrir a economia à propriedade estrangeira, depois de a norma de divisão equitativa de joint ventures ter restringido o acesso das marcas internacionais ao mercado durante décadas.

A mudança dessa política também dá às fabricantes de veículos, como Daimler, Volkswagen e General Motors, a chance de obter um controle maior sobre seus negócios na China. O maior mercado automotivo do mundo está rapidamente se tornando um grande centro de desenvolvimento e produção de veículos elétricos e híbridos plug-in, afirmou a BMW.

"A medida tomada pela BMW é um sinal de que a China pode estar dando luz verde para que fabricantes de veículos estrangeiras aumentem suas participações em joint ventures locais antes do prazo original", disse Tian Yang, analista da China Securities International em Hong Kong.

Até agora, a participação de fabricantes de automóveis estrangeiras em joint ventures chinesas era limitada a 50 por cento. A China anunciou em abril que descartaria esse limite para os empreendimentos de carros elétricos a partir deste ano. Para veículos comerciais, o limite será eliminado em 2020 e, para veículos de passageiros, terminará em 2022, informou o governo na época. A BMW afirmou que seu acordo será concluído em 2022.

"Percebemos que mais uma rodada de abertura está acontecendo agora e aproveitamos a oportunidade", disse o CEO da BMW, Harald Krueger, em entrevista à Bloomberg TV. "Estrategicamente, o caminho certo é ter sempre um parceiro na China, para conhecer melhor o país e desenvolver coisas juntos. Eu considero que esta é uma parceria de longo prazo, embora tenhamos a participação majoritária agora."

--Com a colaboração de Ma Jie, Ying Tian, Amanda Wang, Tom Mackenzie e Christoph Rauwald.