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Oferta inunda mercado e baixa febre de metais usados em baterias

Mark Burton e Jack Farchy

15/10/2018 12h42

(Bloomberg) -- O mercado de metais usados na produção de baterias, que estava pegando fogo nos últimos dois anos, esfriou já que as mineradoras estão extraindo mais cobalto e lítio do que as fabricantes de veículos precisam.

Isso diminuiu o entusiasmo entre os investidores que participam da maior festa anual do setor de metais, realizada nesta semana em Londres, embora a maioria deles continue acreditando que o aumento das vendas de veículos elétricos criará uma fase de grande prosperidade a longo prazo.

Os produtores de lítio estão se preparando para aumentar a produção, e os preços caíram quase 12 por cento desde maio, de acordo com a empresa de pesquisa Benchmark Mineral Intelligence. Depois de terem triplicado em 2016 e 2017, os preços do cobalto citados pela Metal Bulletin caíram 5,7 por cento neste ano com o aumento da produção na República Democrática do Congo.

Há "muita oferta de cobalto" no momento, disse o CEO da Trafigura Group, Jeremy Weir, na semana passada.

Além dos projetos de Eurasian Resources Group (ERG), Glencore, Chemaf e Gecamines, o setor também registrou um aumento na oferta de minas artesanais, onde os trabalhadores normalmente extraem minerais de modo manual em condições extremamente perigosas.

"Obviamente estamos vendo um enorme crescimento da demanda, mas felizmente o setor está com sorte, porque quatro projetos grandes estão entrando em operação", disse Michael Insulan, analista sênior de mercado da ERG, em um painel do setor na LME Week, em Londres.

O grande projeto da ERG começou no início deste mês e deve produzir seu primeiro cobalto no mês que vem.

Choque de oferta

O choque de oferta terá sido uma surpresa peculiar para alguns investidores no mercado de cobalto. Como o metal é explorado quase exclusivamente como um subproduto da produção de cobre e níquel, havia uma crença comum de que a oferta não reagiria rapidamente se os preços aumentassem.

"Ficou comprovado que este não é o caso", disse George Heppel, consultor da CRU Group, por telefone, de Londres. O grupo projeta que a produção global aumentará 23 por cento neste ano, para 147.000 toneladas, impulsionada pela produção do Congo, que gera cerca de 70 por cento da oferta mundial.

O setor de cobalto está sendo pressionado para conter o fluxo de produção artesanal que entra na cadeia de abastecimento das baterias, mas a produção desses depósitos aumentou nos últimos dois anos. É provável que chegue a cerca de 25.000 toneladas neste ano, um aumento de quatro vezes em relação a 2016, de acordo com a CRU Group.

Ao mesmo tempo, os preços do lítio também estão pressionados pela nova oferta destinada a chegar ao mercado nos próximos anos.

Em um sinal da mudança na confiança, as aberturas de capital de duas das maiores empresas de lítio do mundo foram atribuladas nesta semana. A Jiangxi Ganfeng Lithium chegou a cair 28 por cento após a abrir na extremidade inferior da faixa de sua oferta. A Livent, desmembramento da unidade de lítio da FMC, não mudou muito na quinta-feira depois que o preço ficou abaixo do limite inferior de sua faixa.

O vice-presidente da Ganfeng, Wang Xiaoshen, disse nesta semana que os produtores de lítio devem "afivelar o cinto de segurança", prevendo que o preço poderia continuar volátil até meados do ano que vem. Ainda assim, ele apontou para o risco de uma escassez de lítio a longo prazo, especialmente em torno de 2023 a 2024, quando o crescimento da produção de veículos elétricos acelerar.

Repórteres da matéria original: Mark Burton em Londres, mburton51@bloomberg.net;Jack Farchy em Londres, jfarchy@bloomberg.net