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Emissores latino-americanos veem calmaria na venda de dívidas

Pablo Gonzalez

23/10/2018 11h45

(Bloomberg) -- Do Chile ao México, tomadores de empréstimos esperam que o degelo que começou na semana passada nas vendas de títulos dos mercados emergentes dure o suficiente para que eles consigam levantar até US$ 7 bilhões antes do final do ano.

A Petróleos Mexicanos, a companhia petrolífera mais endividada do mundo, abriu o caminho quando vendeu US$ 2 bilhões em dívida na semana passada, sinalizando uma reabertura da oportunidade para as vendas internacionais da América Latina. Este tem sido um ano desafiador para emissores de dívida corporativa e soberana na região, porque as turbulências econômicas e políticas nos maiores mercados, além dos juros mais altos nos EUA, prejudicam os negócios.

"A oportunidade de novas emissões da América Latina escancarou-se quando a Pemex foi ao mercado", disse Roger Horn, estrategista sênior de mercados emergentes da SMBC Nikko Securities America, em Nova York. "Os banqueiros vão avaliar o interesse dos investidores nas próximas semanas."

A venda da Pemex foi seguida por acordos da JBS, a produtora de carnes brasileira que está saindo de um escândalo de corrupção, e da colombiana Transportadora de Gas Internacional, que vendeu US$ 750 milhões em dívidas. O governo do Panamá também ofereceu notas soberanas.

Veja de onde algumas das novas vendas de dívida podem vir, de acordo com uma pesquisa informal com executivos de bancos que têm vínculos fortes com os mercados de dívida da região:

* A Empresa Eléctrica Cochrane, do Chile, poderia retomar sua oferta adiada de US$ 725 milhões em títulos. A companhia decidiu na semana passada não prosseguir, citando as condições do mercado.

* No Brasil, a Invepar está tentando conseguir uma venda de até US$ 650 milhões em dívidas, oferecendo um rendimento de cerca de 9 por cento. O roadshow termina na quarta-feira, e um acordo poderia ser concluído já na quinta-feira.

* A Petrobras também poderia recorrer ao mercado internacional para gerenciamento de passivos nos próximos meses.

* O governo do Peru tem autorização para vender até US$ 3,5 bilhões em títulos, seja em soles ou em moedas fortes. O emissor soberano, que poderia precificar um acordo denominado em dólar com rendimentos abaixo de 4 por cento, concluiu seu roadshow.

* Emissores argentinos, como a unidade de eletricidade da YPF, a produtora de petróleo Pan American Energy ou a Cidade de Buenos Aires, poderiam tentar entrar em ação depois que o país foi resgatado pelo Fundo Monetário Internacional, anteriormente neste ano.

Um fator que poderia facilitar a emissão de dívida dessas empresas é que elas estão tentando principalmente reduzir o custo de seus passivos, em vez de levantar fundos para investimentos ou aquisições. E isso também significa que, se não conseguirem encontrar financiamento atraente agora, elas poderão esperar por melhores condições.

--Com a colaboração de Cristiane Lucchesi, Felipe Marques, Misyrlena Egkolfopoulou e Ye Xie.