Queda no abate de porcos e peste elevam preço da carne suína
(Bloomberg) -- Há um mistério no mercado de suínos, e podemos chamá-lo de "o caso dos porcos desaparecidos".
Os traders aguardam há semanas a disparada das taxas de abate nos EUA, já que o governo vinha informando constantemente o aumento do rebanho doméstico neste ano. O furacão Florence atingiu a Carolina do Norte, um dos principais estados em criação de suínos, em meados de setembro, o que desacelerou as operações de processamento. Mas esse gargalo já deveria ter sido resolvido, e os analistas esperavam uma súbita entrada dos porcos no mercado. Em vez disso, as taxas de abate continuaram baixas, levantando dúvidas quanto à real existência dos animais, disse Rich Nelson, estrategista-chefe da Allendale em McHenry, Illinois.
O abate menor que o esperado nos EUA ocorre em um momento em que um vírus altamente contagioso e letal para os porcos está se espalhando pela China, o maior consumidor de carne suína do mundo. A peste suína africana continua se espalhando pelo país, e vários novos surtos foram registrados nesta semana. A combinação dos problemas de oferta elevou os contratos futuros de suínos em Chicago no limite da bolsa, de 3 centavos de dólar, na quarta-feira, fechando em 57,525 centavos de dólar por libra-peso. Os preços subiram 11 por cento nesta semana.
"Não temos o acúmulo que esperávamos nos mercados de suínos", disse Nelson, acrescentando que as estimativas do Departamento de Agricultura dos EUA para o aumento dos estoques de animais podem ter sido mal calculadas.
A propagação da peste suína na China aumenta as chances de que o país asiático precise importar mais carne, segundo o Cobank. A China provavelmente compraria da União Europeia e do Canadá, mas as produtoras americanas ainda podem capitalizar a concorrência global menor no mercado de carne suína, informou o banco agrícola americano em relatório divulgado na terça-feira.
O surto do vírus nos porcos provocou uma volatilidade maior nos futuros de suínos. Um indicador da volatilidade de 60 dias registrou pico no mês passado, mas pode disparar novamente se a doença continuar se espalhando.
Nos EUA, Nelson, da Allendale, afirmou que o setor esperava um período prolongado de números de abate de 2,6 milhões de animais por semana. Mas os números têm sido constantemente mais baixos e provavelmente só superarão esse marco pouco antes do Dia de Ação de Graças, disse ele. Neste ano, o feriado americano será comemorado em 22 de novembro.
"Onde estão todos os porcos?", disse Dennis Smith, executivo sênior de contas da Archer Financial Services em Chicago, na semana passada. "Falta uma parcela de 4 por cento a 5 por cento" da oferta esperada, disse.
Se a oferta continuar limitada, o interesse dos investidores pelos mercados de gado poderia ressurgir. O interesse aberto em futuros de suínos em Chicago -- um indicador dos contratos pendentes -- mostra tendência de baixa há mais de um ano devido às expectativas de produção excedente de carne nos EUA. O indicador atingiu um pico em 2013 em meio ao surto de diarreia epidêmica dos suínos (PED, na sigla em inglês) nos EUA, que eliminou milhões de porcos.
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