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Gases de efeito estufa atingem nível visto há milhões de anos

Rachel Morison

22/11/2018 13h13

(Bloomberg) -- O nível de gás de efeito estufa na atmosfera atingiu um recorde só visto quando o nível do mar era 10 metros a 20 metros mais alto do que agora, disse a Organização Meteorológica Mundial em relatório.

As concentrações de dióxido de carbono e outros gases que aquecem a Terra aumentaram no ano passado e são 41 por cento mais altas do que em 1990, o que provoca um aumento a longo prazo da temperatura global, disse a organização das Nações Unidas em sua avaliação anual da tendência.

Os dados aumentam a pressão sobre os representantes de quase 200 países que se reunirão no mês que vem na Polônia para discutir formas de controlar a mudança climática. A OMM afirmou que as concentrações mais elevadas de CO2 estão derretendo as calotas polares e provocando eventos climáticos mais violentos que, segundo afirmou o Banco da Inglaterra na quarta-feira, foram responsáveis por um prejuízo recorde de US$ 140 bilhões em seguros em 2017.

"A ciência é clara", disse o secretário-geral da OMM, Petteri Taalas, em um comunicado nesta quinta-feira. "Sem cortes rápidos do CO2 e de outros gases de efeito estufa, a mudança climática terá impactos cada vez mais destrutivos e irreversíveis sobre a vida na Terra. A janela de oportunidade para agir está quase fechada."

As concentrações de dióxido de carbono na atmosfera aumentaram 0,5 por cento em relação a 2016. Entre as emissões que aumentaram, houve um ressurgimento do CFC-11, um gás de efeito estufa supostamente regulado que esgota o ozônio.

A última vez que a Terra teve concentrações de CO2 semelhantes foi há 3 milhões a 5 milhões de anos, quando a temperatura era 2 a 3 graus Celsius mais quente e o nível do mar era pelo menos 10 metros mais alto. Uma elevação do nível do mar dessa magnitude acabaria com alguns países insulares baixos e com grande parte de Manhattan.

O objetivo da ONU é manter o aumento da temperatura média global abaixo de 2 graus Celsius, o que significaria a mudança mais rápida do clima desde a última era do gelo, que terminou há cerca de 10.000 anos. Um relatório do Painel Intergovernamental sobre Mudança Climática no início deste ano disse que as emissões líquidas devem chegar a zero em 2050 para manter o aumento da temperatura em 1,5 grau Celsius, que é o objetivo de muitos países em desenvolvimento.

O dióxido de carbono "permanece na atmosfera por centenas de anos e nos oceanos por mais tempo", disse a vice-secretária-geral da OMM, Elena Manaenkova, em um relatório que apresentado às Nações Unidas nesta quinta-feira. "Cada fração de um grau de aquecimento global é importante, assim como toda parte por milhão de gases de efeito estufa."