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Dona da Zara resiste à pressão por descontos no Natal

Thomas Mulier e Rodrigo Orihuela

12/12/2018 14h36

(Bloomberg) -- A proprietária da Zara, a espanhola Inditex, decepcionou os investidores que esperavam vendas fortes às vésperas do Natal porque resistiu à pressão de todo o setor para reduzir os preços.

As ações nesta manhã em Madri e caminham para seu primeiro declínio em dois anos consecutivos. O crescimento comparável foi de 3 por cento no começo do segundo semestre, abaixo da faixa-alvo da Inditex, porque um mês de setembro inusitadamente quente atrapalhou o início do outono.

Com a decisão de evitar os descontos nos preços, a lucratividade da Inditex se recuperou em relação ao ano passado, quando registrou o menor nível em uma década. No entanto, agora o extremo superior do guidance de vendas da varejista espanhola pode estar fora de seu alcance. A proprietária da marca de roupas de trabalho Massimo Dutti e da marca de lingerie Oysho enfrenta uma concorrência maior da Hennes & Mauritz, que tem vendido suéteres por apenas US$ 9,99 a fim de reduzir seu estoque recorde de peças não vendidas.

A maior operadora de redes de roupas do mundo afirmou que ainda é possível cumprir sua meta para o crescimento de receita no segundo semestre, de 4 por cento a 6 por cento, mas isso exigirá um ritmo de vendas muito mais acelerado durante a temporada do Natal, de acordo com Anne Critchlow, analista do Société Générale.

Mundo Zara

Uma nova fonte de receita poderia surgir porque a Zara dobrou recentemente seu alcance no comércio eletrônico, para 202 mercados no mês passado. A rede é a primeira a oferecer vendas pela internet em quase todos os mercados do planeta. A Inditex tem sido pioneira em novas estratégias de vendas digitais, como um novo serviço da marca Bershka que possibilita que os clientes peçam pelo celular que determinadas peças sejam levadas aos provadores.

O CEO Pablo Isla disse que a decisão de não modificar os preços se baseia na confiança nas próximas coleções.

Em novembro, a marca Pull & Bear, pertencente à empresa, lançou uma coleção com a cantora espanhola Rosalía, que ganhou recentemente um Grammy Latino por sua mistura de flamenco com a chamada trap music. A marca Oysho tem vendido roupas de esqui com detectores Recco, que ajudam a localizar esquiadores perdidos. A Zara apostou na estética militar, e a Bershka ofereceu uma nova versão dos tênis Converse.

Argélia e Suíça

A Inditex também continuou abrindo lojas físicas, e o centésimo ponto de vendas da Zara nos EUA abriu as portas no mês passado em Denver. A Pull & Bear chegou à Argélia e abriu uma loja em Berna, na Suíça. A companhia tem mais de 7.400 butiques.

O lucro operacional subiu 3 por cento, para 3,1 bilhões de euros (US$ 3,5 bilhões) em nove meses, o equivalente às estimativas de analistas. A companhia deve registrar o crescimento de lucros no ano cheio mais fraco em pelo menos 4 anos, de acordo com os analistas, mas deve voltar a ter um crescimento de dois dígitos no próximo ano.

A margem bruta aumentou meio ponto porcentual, para 58 por cento, o que foi comemorado pelos analistas, porque esta é a primeira melhora em seis anos.

--Com a colaboração de Lisa Pham e Macarena Munoz.

Repórteres da matéria original: Thomas Mulier em Geneva, tmulier@bloomberg.net;Rodrigo Orihuela em Madri, rorihuela@bloomberg.net