Compra de soja pela China pode abrir caminho para milho dos EUA
(Bloomberg) -- Depois da soja, o próximo pode ser o milho. O esfriamento da tensão comercial entre China e EUA pode levar o país asiático a retomar -- e expandir -- a importação de grãos americanos para reabastecer suas reservas exauridas e ajudar a eliminar o crescente déficit interno, segundo analistas.
Na prática, a China suspendeu as compras do maior produtor mundial em julho ao aplicar uma tarifa de 25 por cento em meio à escalada da guerra comercial entre os dois países. O preenchimento dos estoques estatais permitiria que os importadores evitassem o imposto e tirassem proveito de uma produção americana mais barata em um momento em que a demanda interna da China por ração animal, amido e adoçantes cresce rapidamente.
Uma decisão do tipo sinalizaria também uma reaproximação maior entre Washington e Pequim depois que o Conselho de Exportação de Soja dos EUA revelou que a China havia comprado 2 milhões de toneladas de soja nas últimas 24 horas, cumprindo a promessa do presidente Donald Trump de que a agricultura abriria o caminho para o descongelamento do comércio entre os dois países.
"A realização de mais compras para as reservas estatais poderia ajudar a reduzir a restrição de oferta em meio à rápida queda dos estoques nos últimos dois anos", disse Zhang Zhidong, analista sênior da Huatai Futures em Pequim.
O país importou 757.000 toneladas de milho dos EUA em 2017. Zhang citou as expectativas do mercado de que a China poderia comprar 10 milhões de toneladas nos próximos anos depois que a reserva estatal vendeu 10 vezes esse montante em 2018 para atender à demanda crescente. O segundo maior usuário do mundo tem apenas 80 milhões de toneladas em seus estoques estatais, acumulados enquanto vigorou um sistema de apoio aos preços que foi cancelado em 2016, embora detenha também uma quantidade ignorada de reservas estratégicas.
Isso significa que são necessárias importações baratas para cobrir um déficit de oferta em um momento em que o consumo doméstico supera a produção, disse Yan Zhang, analista da Shanghai JC Intelligence. "Se as negociações ocorrerem com tranquilidade, poderemos ver grandes importações já em 2019", disse, e também uma decisão da China de cancelar as cotas de importação.
O país tem um limite anual de importações de 7,2 milhões de toneladas com tarifas mais baixas, estabelecido por regras da Organização Mundial do Comércio (OMC), e as empresas privadas alocaram apenas 40 por cento da cota.
Feng Lichen, analista-chefe do portal setorial www.yumi.com.cn em Dalian, disse que a China pode comprar 3 milhões de toneladas de milho dos EUA com o abrandamento das tensões e que as empresas estatais comprariam em nome de empresas privadas.
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