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Uber pretende deixar passado conturbado para trás antes de IPO

Peter Blumberg e Robert Burnson

17/12/2018 15h26

(Bloomberg) -- A resolução silenciosa da Uber Technologies nesta semana em relação às alegações de que havia colocado milhares de mulheres em risco de agressão sexual por parte de seus motoristas é apenas a mais recente medida da gigante do transporte particular para diminuir sua exposição legal à medida que se aproxima de uma abertura de capital.

Enquanto a Uber concorre com a Lyft, sua rival de menor porte, para fazer uma das maiores IPOs de todos os tempos, os advogados da empresa estão buscando resolver os conflitos de perfil alto.

Em setembro, a Uber concordou em fazer um pagamento recorde de US$ 143 milhões para resolver as acusações de que não notificou os motoristas de que hackers haviam roubado suas informações pessoais.

Em novembro, a empresa obteve a aprovação do tribunal para fechar um acordo por US$ 10 milhões com mais de 400 engenheiros do sexo feminino e de minorias que acusaram a empresa de discriminação salarial e assédio sexual.

Esses avanços chegaram depois que a Uber resolveu em junho um de seus maiores gargalos regulatórios --uma proibição de operar em Londres-- ao convencer um juiz de que havia abandonado sua antiga atitude de não obedecer às regras.

Isso não significa que a empresa, que há menos de dois anos estava cercada de escândalos, tenha eliminado todos os seus problemas legais. Nos EUA e na Europa, o coração de seu modelo de negócios continua sendo ameaçado por ações judiciais de motoristas que querem ser tratados como funcionários, e não como autônomos.

A Uber também manteve silêncio sobre cinco investigações criminais do Departamento de Justiça dos EUA das quais, segundo se dizia, era alvo em outubro de 2017. A empresa preferiu não comentar sua estratégia legal na sexta-feira.

Especialistas dizem que quanto mais problemas a Uber puder deixar para trás antes do IPO, melhor.

"Se você está planejando um IPO, uma das primeiras coisas que deve fazer é limpar a casa e isso inclui resolver todos os processos judiciais", disse Alan Seem, advogado especializado em finanças e valores mobiliários do Vale do Silício. "Essa é uma das primeiras coisas que eu digo a eles: 'Processos judiciais podem desviar a atenção da história de investimento que você quer vender para os investidores'."

Ações

Os concorrentes frequentemente são uma fonte de processos antes de uma abertura de capital. Nesta semana, a Sidecar Technologies, pioneira em caronas compartilhadas, acusou a Uber de levá-la à falência em 2015 usando preços predatórios e pedidos de corridas fraudulentos.

Argumentos semelhantes levantados em um processo antitruste anterior por uma operadora de táxi de São Francisco não conseguiram ganhar força no tribunal federal.

"Muitos processos são iniciados por concorrentes que procuram escolher o melhor momento para entrar com uma ação e obter a maior indenização possível", disse Seem. As empresas que estão prestes a fazer uma abertura também são alvos frequentes de notícias embaraçosas, geralmente plantadas por concorrentes, e de queixas de denunciantes, acrescentou.

O que vai acontecer agora que a abertura está próxima? É difícil dizer.

"Eu digo às empresas que esperem o inesperado no momento mais inoportuno", disse Seem.

(Com a colaboração de Eric Newcomer)