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Problemas do Facebook aumentam na Alemanha: Bloomberg Opinion

Alex Webb

14/01/2019 14h25

(Bloomberg) — A Alemanha está prestes a lembrar o Facebook que as tribulações de 2018 estão longe de terminar. Na verdade, deverão se tornar ainda mais evidentes.

O Escritório Federal de Cartéis do país pretende proibir o Facebook de coletar dados de usuários de terceiros, noticiou o jornal Bild am Sonntag. Isso proibirá também o compartilhamento de dados com WhatsApp e Instagram, que pertencem ao Facebook. A preocupação da Alemanha é o fato de que os usuários do Facebook não sabiam que concordaram em ser rastreados pela internet quando se inscreveram nos produtos da empresa.

A decisão do órgão regulador pode representar um grande obstáculo para os planos da gigante das redes sociais. Com a estagnação do crescimento e do engajamento dos usuários, o Facebook está se concentrando cada vez mais em melhorar o valor do que oferece aos anunciantes. Ou seja, fazer um trabalho melhor com anúncios segmentados para usuários individuais a fim de gerar um melhor retorno sobre o investimento para as marcas.

No momento, qualquer website que hospede um botão de "curtir" do Facebook ou um link para "Compartilhar no Facebook" envia um cookie para a empresa com sede em Menlo Park, Califórnia, sempre que um navegador visita esse website. Como o engajamento em sua plataforma principal está diminuindo, esses cookies podem ajudar a empresa de redes sociais a criar perfis de usuário mais completos. Isso, por sua vez, melhora a segmentação dos anúncios.

As medidas alemãs provavelmente proibirão o compartilhamento desses cookies, noticiou o BamS. É significativo que, se o argumento do órgão regulador for convincente, pode surgir uma investigação mais ampla da União Europeia na sequência. A Alemanha é, na prática, líder continental entre os países que estão decidindo como abordar a questão da regulamentação e qualquer grande mudança que o país efetuar pode servir de pontapé inicial.

Tudo parece indicar que o CEO Mark Zuckerberg pode enfrentar um 2019 tão difícil quanto 2018. As ações da empresa caíram 26 por cento no ano passado, quando as ramificações do escândalo Cambridge Analytica começaram a aparecer. Mas até agora houve muito pouca regulação real. A decisão da Alemanha será uma das primeiras medidas para mudar isso.

A investigação alemã sobre o compartilhamento de dados de terceiros começou em março de 2016, antes do surgimento da história da Cambridge Analytica. Apesar de o ceticismo em relação ao Facebook sempre ter sido forte na Alemanha, as consequências deste assunto disseminaram essa antipatia por todo o mundo, deixando outros países mais abertos ao endurecimento das regras.

É provável que ainda demore algum tempo para que a decisão do órgão regulador gere mudanças. O Facebook informou ao BamS que apelaria e as investigações subsequentes em nível europeu provavelmente também levariam pelo menos um ano. Isso pode explicar por que, apesar dos crescentes obstáculos regulatórios, os analistas continuam notavelmente otimistas em relação às ações do Facebook. Dos 53 analistas consultados pela Bloomberg, 41 recomendam a compra das ações. O preço-alvo médio para 12 meses de US$ 185,83 ainda está quase 30 por cento acima do preço de fechamento de sexta-feira.

A provável regulação pode significar uma pedra no sapato para a máquina de publicidade do Facebook. Os investidores devem levar em conta que as batalhas regulatórias estão apenas começando.

Esta coluna não reflete necessariamente a opinião do conselho editorial ou da Bloomberg LP e seus proprietários.