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Dívida estudantil afeta acesso de jovens à casa própria nos EUA

Jeanna Smialek

17/01/2019 13h12

(Bloomberg) -- O acesso à casa própria está em declínio nos EUA e os pesquisadores do Federal Reserve apontam o custo elevado do ensino universitário como um dos culpados.

Apenas 36 por cento dos chefes de família de 24 a 32 anos tinham casa própria em 2014, contra 45 por cento em 2005. Ao mesmo tempo, a dívida estudantil média per capita subiu de US$ 5.000 em 2005 para US$ 10.000 em valores ajustados pela inflação.

Cerca de 20 por cento da queda do acesso à casa própria entre os jovens adultos pode ser atribuída a esse aumento na dívida contraída com financiamentos estudantis, estimam os autores, o que faz desse tipo de empréstimo um fator importante, mas não central, do declínio. Cerca de mais 400.000 jovens teriam casas em 2014 se a carga da dívida não tivesse aumentado.

Por que isso acontece? Em parte porque empréstimos estudantis mais elevados no começo da vida levam a uma pontuação de crédito mais baixa mais adiante, o que dificulta que os ex-estudantes consigam empréstimos hipotecários.

"As implicações desta descoberta vão muito além da casa própria, porque as pontuações de crédito afetam o acesso e o custo para o consumidor de quase todos os tipos de crédito, incluindo financiamentos de carros e cartões de crédito", escreveram Alvaro Mezza, Daniel Ringo e Kamila Sommer, autores do relatório do conselho do Fed. "As autoridades que avaliam formas de ajudar os tomadores de empréstimos estudantis podem querer avaliar políticas que reduzam o custo do ensino."

O Fed divulgou o relatório como parte da série de artigos "Consumer and Community Context", que analisa as condições financeiras de famílias e bairros carentes e economicamente vulneráveis.

A descoberta não é inédita. Uma pesquisa do Fed de Nova York já tinha mostrado que 11 por cento a 35 por cento do declínio do número de jovens americanos que possuem imóveis residenciais de 2007 a 2015 poderia ter sido provocado pela dívida estudantil maior. Essa pesquisa analisou especificamente o acesso à casa própria de pessoas de 28 a 30 anos.