Gauss sobrevive a `prova de fogo' e tem retorno maior que pares
(Bloomberg) -- Um fundo multimercado brasileiro cujo patrimônio despencou 95 porcento em 15 meses está se recuperando: seus retornos estão superando o da maioria de seus pares e os recursos sob gestão estão crescendo de novo após apostas otimistas acertadas.
O Gauss Master Fund teve um retorno de quase 17 porcento desde 31 de julho, cerca de 13 pontos percentuais a mais que seu benchmark, segundo dados compilados pela Bloomberg. O gestor do fundo, Fabio Okumura, disse que está apostando em uma alta de 11 porcento na moeda brasileira nos próximos três meses, depois de registrar ganhos no ano passado com investimentos em taxas de juros e ações.
"Nós sobrevivemos a uma prova de fogo", disse Okumura em uma entrevista. Ele e seus sócios mantiveram o compromisso de nunca resgatar seus investimentos pessoais "mesmo durante os piores momentos", disse, "e agora estamos obtendo grandes retornos novamente".
O patrimônio do fundo caiu para R$ 112 milhões em agosto, de um pico de R$ 2,29 bilhões, com os investidores fugindo devido a retornos ruins. O resultado foi a separação entre o Credit Suisse Group AG, antigo sócio controlador do fundo, e Okumura.
Okumura, o acionista controlador e diretor de investimentos da Gauss Capital Gestora de Recursos Ltda., comprou, junto com sócios, a participação do Credit Suisse quando ele deixou o banco no ano passado. A nova empresa que administra o fundo iniciou suas operações em janeiro, e o patrimônio do principal fundo da Gauss, anteriormente chamado de CSHG Gauss Master Fund, aumentou 53 porcento de seu nível mais baixo, para R$ 172 milhões.
O resultado do fundo superou 85 porcento de seus pares nos últimos três meses, segundo dados compilados pela Bloomberg. Desde seu início, em outubro de 2014, o desempenho do fundo é 35 pontos percentuais maior do que o benchmark.
A eleição do ano passado foi fundamental para os ganhos.
"Vimos uma chance maior de Jair Bolsonaro vencer a eleição presidencial de outubro do que nossos concorrentes e um resultado mais positivo para os mercados com sua vitória", disse Okumura. Para capitalizar essa visão, que se mostrou promissora, o Gauss investiu em juros de longo prazo, incluindo nos contratos para janeiro de 2025.
Agora Okumura vê mais oportunidades na bolsa de valores e na moeda brasileira, com a expectativa de que os mercados emergentes tenham desempenho positivo por causa da provável pausa do Federal Reserve nos aumentos das taxas de juros no primeiro semestre de 2019 e do forte crescimento econômico dos EUA no segundo semestre do ano.
"As taxas de juros no Brasil permanecerão baixas, e a equipe econômica do país está dizendo que priorizará a necessária reforma da Previdência", disse ele. "Então, provavelmente veremos um crescimento econômico robusto no Brasil, com investimentos de empresas e muitas necessidades de capital."
Ele espera que o dólar caia a R$ 3,35, com os investidores estrangeiros entrando com dinheiro na maior economia da América Latina. Isso se compara às projeções de R$ 3,75 para abril nos mercados futuros na bolsa de derivativos do Brasil.
O objetivo é conseguir que o principal fundo da Gauss atinja R$ 2 bilhões em patrimônio em cerca de 1 ano e meio, com clientes e distribuição mais diversificados do que antes, disse Sergio Campos, presidente da Gauss. Ao todo, contando fundos de previdência e crédito, a Gauss tem cerca de R$ 1,5 bilhão sob gestão, de acordo com Campos.
A ideia é atingir investidores de varejo, family offices, clientes de private banking e investidores institucionais por meio de múltiplas plataformas de distribuição, independentes ou de propriedade dos bancos. A maioria dos clientes da Gauss no passado se originou no Credit Suisse.
O fundo de crédito tem cerca de 40 porcento de seu patrimônio em caixa e investe apenas em títulos de dívida locais de baixo risco. "Estamos planejando lançar outros fundos com estratégias de crédito mais sofisticadas do que as que temos hoje", disse Campos.
Campos tem uma fatia individual no capital da Gauss e também investe na empresa por meio da Vectis Partners Holding, empresa de onde é sócio ao lado de investidores como Paulo Lemann, filho do bilionário Jorge Paulo Lemann, Alexandre Aoude, ex-diretor do Deutsche Bank AG no Brasil, e Patrick O'Grady, ex-sócio da XP Investimentos.
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