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Risco do dólar forte para emergente ficou no passado, diz Amundi

Lilian Karunungan

30/01/2019 13h09

(Bloomberg) -- A tendência de valorização do dólar que tanto estragou o apetite por risco em 2018 é página virada, de acordo com a Amundi Asset Management.

E isso só pode ser bom para os mercados emergentes.

"As duas ameaças macroeconômicas - basicamente o dólar e a alta de juros nos EUA - diminuíram e ficaram para trás", disse Pascal Blanque, diretor de investimentos da Amundi, em entrevista realizada em Cingapura. "Haverá espaço no futuro para apreciação da maioria das moedas de países emergentes. Isso é boa notícia."

A maior gestora de recursos da Europa supervisiona US$ 45 bilhões em ativos de nações emergentes. A Amundi se junta a Morgan Stanley e Goldman Sachs Group na aposta de que o alívio da tensão comercial e uma postura menos agressiva do banco central americano (Federal Reserve) vão reanimar as economias em desenvolvimento.

O índice cambial MSCI Emerging Markets subiu 1,9 por cento em janeiro e deve registrar o maior avanço mensal em um ano.

No entanto, a ameaça representada pelo dólar forte e pela alta dos juros nos EUA foi substituída por preocupações em relação ao crescimento global. Sendo assim, Índia, Rússia e Chile são apostas melhores entre os mercados emergentes porque tendem a superar o desempenho dos países com fundamentos piores, segundo a Amundi.

A gestora também aprecia ações e títulos de China, Indonésia, República Checa, Brasil e Peru. Esses países têm moedas de alto rendimento, dívidas sustentáveis, lucros em alta e margem monetária e fiscal para lidar com o desaquecimento econômico, explicou Blanque.

Em se tratando do que evitar, a Amundi usa o balanço de pagamentos como métrica principal e quer distância da Turquia. A gestora também tem receio com África do Sul e Argentina por causa dos déficits. Além disso, Argentina, África do Sul e Nigéria enfrentarão riscos eleitorais em breve.

Blanque também compartilhou as seguintes opiniões durante a entrevista:

* Os emergentes foram os primeiros mercados atingidos pela alta de juros e do dólar 10 meses atrás e serão os primeiros a oferecer oportunidades.

* A Amundi prefere países nos quais os bancos centrais têm escopo para cortar juros para combater sinais de desaceleração.

* "Presumindo que os EUA não entrem em recessão, desaceleração é bom" porque significaria maior probabilidade de pausa no ciclo de aperto monetário. Já uma recessão seria desafiadora para os emergentes.

* O crescimento médio dos lucros nos mercados emergentes deve ficar entre 5 por cento e 7 por cento neste ano.

* A Amundi reformulou as carteiras de renda variável, equilibrando ações de empresas voltadas para o mercado doméstico e as voltadas para o comércio internacional.

* Sobre as negociações comerciais entre EUA e China: "Eu não espero nada realmente ruim. Na margem, espero sinais mais positivos do que as pessoas temem"

* A gestora está cautelosa com o México por causa da discussão sobre o muro na fronteira, que pode ter "desfechos ruins", como a deterioração do relacionamento com os EUA.

* As eleições na Índia não preocupam porque as reformas fiscais estão nos trilhos.