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Sinal dovish do Fed motiva aposta em corte como próximo passo

Emily Barrett e John Ainger

31/01/2019 10h22

(Bloomberg) -- Primeira coletiva de 2019 do presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, deixou as expectativas do mercado para uma subida das taxas de juros este ano por um fio e ampliou as chances de um corte em 2020.

Um movimento de aperto da política monetária em março já era visto como baixo, mas o tom do Fed na quarta-feira colocou em dúvida as perspectivas de qualquer aumento de taxa este ano, após nove altas desde 2015.

Um foco mais forte nos riscos para a perspectiva global, a ênfase do Fed nas condições financeiras mais apertadas e os comentários de Powell levaram o juro dos títulos do Tesouro de dois e cinco anos para o menor nível desde meados de janeiro. Vencimentos mais curtos lideraram ganhos, ampliando a inclinação da curva de juros. O spread entre os rendimentos de cinco e 30 anos, que era de 55 pbs nas negociações europeias, subiu para até 57 pbs na quarta-feira, o maior desde fevereiro passado.

Powell está "definitivamente ouvindo os mercados", disse Jim Bianco, fundador da Bianco Research , em entrevista à Bloomberg Television. O próximo passo "provavelmente será um corte neste momento, provavelmente no final deste ano, como dezembro ou o primeiro trimestre de 2020".

Outro sinal de redução das perspectivas de aumento da taxa este ano foi a queda na volatilidade implícita de swaptions - opções sobre swaps de taxa de juros nos EUA - que caiu para o menor patamar desde novembro para contratos de um a dois anos.

"O mercado está agressivamente vendo qualquer desdobramento positivo neste ano" em áreas como o crescimento doméstico, o comércio e a economia global, disse Ed Al-Hussainy, estrategista sênior de juros da Columbia Threadneedle.

O tom do Fed em relação à sua taxa de juros e posição do balanço patrimonial é significativo, disse. "A linguagem e outras marcações que eles colocam indicam para uma probabilidade muito elevada de que a alta de dezembro tenha sido a última do ciclo".

Observadores do mercado ficaram surpresos com os últimos sinais do Fed sobre o ritmo de redução de seu balanço patrimonial, o que sugere que o banco central está mais próximo da conclusão da redução de posicionamento do que se esperava anteriormente. Para os operadores, Fed está "preparado para ajustar qualquer detalhe para completar a normalização do balanço" confirmado uma mudança na política que está movimentando os mercados.

"Estou me recuperando de uma chicotada na política monetária", disse Omair Sharif, economista do Société Générale, escreveu. "A barra para se elevar as taxas até mesmo uma vez em 2019 é extremamente alta".

Os operadores de juros cortaram o pequeno posicionamento que previa uma alta em 2019 e estão ganhando confiança ante a ideia de um afrouxamento em 2020.

Estrategistas do JPMorgan Chase & Co. ainda esperam que o banco central retome o aperto depois de meados de 2019, mas recomendam que os investidores diminuam as apostas em suavização da curva de juros de cinco a 30 anos dos EUA. Michael Pearce, economista-sênior da Capital Economics, prevê um aumento da taxa em breve - no primeiro semestre - com base em dados econômicos sólidos e condições financeiras mais flexíveis.

"Mas daríamos muito mais ênfase à nossa previsão de uma forte desaceleração do crescimento econômico mais adiante, o que esperamos forçará o Fed a cortar as taxas em 75 pb em 2020", disse ele em um relatório após a coletiva de Powell.

--Com a colaboração de Edward Bolingbroke, Benjamin Purvis, Stephen Spratt e Anna Edwards.

Repórteres da matéria original: Emily Barrett em N York, ebarrett25@bloomberg.net;John Ainger em Londres, jainger@bloomberg.net