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Crescimento de dona da Gucci evidencia apetite chinês por luxo

Thomas Mulier e Robert Williams

12/02/2019 12h04

(Bloomberg) -- A Gucci, marca da Kering, continuou superando as concorrentes no quarto trimestre, dando mais um sinal de que o apetite chinês por bens de luxo continua saudável.

As vendas da Gucci no quarto trimestre subiram 28 por cento em base orgânica, para 2,3 bilhões de euros (US$ 2,6 bilhões), informou a Kering, que tem sede em Paris, nesta terça-feira. Os analistas esperavam um crescimento de 27 por cento.

A última das principais fabricantes de artigos de luxo a divulgar os resultados de 2018, a Kering encerra uma temporada de balanços excepcionalmente forte para o setor. A dona da Gucci confirmou uma tendência observada na LVMH e na Richemont, que indica que os chineses continuam comprando itens caros, mas mais em seu próprio território do que em viagens ao exterior. Enfrentando uma guerra comercial com os EUA e uma desaceleração da economia, o governo vem tentando fomentar mais o consumo na China continental em meio a relatos de controles mais rígidos sobre as importações não declaradas.

As expectativas em relação às empresas de artigos de luxo aumentaram depois que o crescimento das vendas de artigos de couro da LVMH superou as estimativas no final de janeiro.

A demanda dos clientes chineses permaneceu "extremamente dinâmica", e a "tendência continua excelente" no continente, disse o diretor financeiro Jean-Marc Duplaix em conferência com repórteres.

As vendas de telefones iPhone e automóveis Volkswagen foram abaladas pela desaceleração da economia chinesa, mas os consumidores ainda não cortaram os gastos com bolsas e tênis de luxo.

A rentabilidade da Kering subiu 5 pontos percentuais em 2018, para 28,9 por cento, ajudada pelo desmembramento da Puma para os investidores, o que lhes deu a chance de abandonar a marca alemã de roupas esportivas sem abrir mão de sua fatia no portfólio de luxo da Kering.

Ainda assim, o motor de crescimento da Kering enfrentou alguns contratempos neste ano, e o ritmo acelerado de crescimento de vendas da Gucci desacelerou gradualmente ao longo de 2018. A Kering informou que as autoridades italianas consideram que a marca deve 1,4 bilhão de euros em impostos, embora a empresa discorde dessa conclusão.

Os óculos de sol cor-de-rosa de US$ 500 e as bolsas de lona com monograma de US$ 1.500 da Gucci não são os únicos motores do rápido crescimento da Kering. A Yves Saint Laurent cresceu a um ritmo de dois dígitos e a Balenciaga se aproxima de 1 bilhão de euros em receita anual, disse Duplaix.

Repórteres da matéria original: Thomas Mulier em Geneva, tmulier@bloomberg.net;Robert Williams em Paris, rwilliams323@bloomberg.net