Langoni vê corte juros para conter apreciação excessiva do real
(Bloomberg) -- Ex-presidente do banco central, Carlos Langoni, espera que a autoridade monetária reduza ainda mais as taxas de juros para evitar o fortalecimento excessivo da moeda, uma vez que a reforma da Previdência seja aprovada pelo Congresso.
Se a reforma da Previdência for aprovada, o déficit primário cai pelo menos pela metade, disse Langoni, diretor do Centro de Economia Mundial da FGV, em entrevista em seu escritório no Rio de Janeiro.
"Então você pode cortar a Selic, e deve cortar, para evitar um 'overshooting' no câmbio. Se não, esse câmbio vai caminhando para um equilíbrio que também não é desejável", disse.
Após a reforma, a moeda brasileira se fortaleceria em direção a R$ 3, de R$ 3,75 atualmente, disse Langoni, um economista treinado pela Universidade de Chicago que chefiou o BC entre 1980 e 1983.
O CDS --um barômetro da percepção de risco do país-- cairia pelo menos metade enquanto o investimento estrangeiro direto subiria para a maior alta em oito anos de mais de US$ 100 bilhões este ano, prevê.
Risco de impasse é menor
Langoni é um autodenominado otimista. Não só o projeto de lei da Previdência ainda a ser apresentado é controverso, mas os congressistas podem diluí-lo antes de dar sua aprovação. A tentativa mais recente de aprovar a reforma, encabeçada pelo ex-ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, falhou no Congresso.
Desta vez, no entanto, o risco de impasse no Congresso é menor, diz Langoni, que recentemente realizou várias reuniões informais com o ministro da Economia, Paulo Guedes.
A resistência à reforma diminuiu, argumenta ele, enquanto a grande mídia disseca detalhes de rumores de propostas e os congressistas estão bem cientes do escopo do problema.
Seu cenário base é que o governo faça algumas concessões para garantir a aprovação no segundo semestre de 2019, e que o banco central flexibilize a política monetária antes do final do ano. O déficit do sistema previdenciário atingiu R$ 195,2 bilhões no ano passado, consumindo todo o superávit primário obtido pelo governo central, estados e municípios.
"Não pode fugir dessa questão básica que o sistema não é sustentável", disse Langoni, acrescentando que ao desarmar essa "bomba-relógio" o Brasil entraria em um "ciclo virtuoso" reduzindo o custo do serviço da dívida.
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