Líder em cibersegurança, Israel pode ter interferência eleitoral
(Bloomberg) -- Como uma potência da segurança cibernética protege suas eleições contra manipulação on-line?
Não tão bem quanto você imagina.
Apesar de os engenheiros israelenses desenvolverem algumas das proteções on-line mais procuradas do mundo, o governo ainda não criou uma defesa coordenada para proteger a eleição de 9 de abril contra notícias falsas e outras interferências maliciosas. Segundo o centro de pesquisa Israel Democracy Institute, a responsabilidade de proteger a eleição é dividida pelo menos entre nove entidades.
Atores não-governamentais estão atacando essa lacuna e voluntários afirmam que já descobriram centenas de contas falsas ligadas ao Irã, à Arábia Saudita, à Rússia e a partidos políticos locais.
Há suspeitas inclusive de que as eleições primárias do Likud, o partido do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu, na semana passada, foram comprometidas. O partido determinou que os votos fossem recontados após reclamações de discrepâncias entre o número de votos depositados e o número de eleitores, mas negou que tenha sofrido ataque hacker, afirmando que os sufrágios foram tabulados em um sistema computadorizado fechado. O redator de tecnologia do jornal Haaretz, Ran Bar-Zik, um desenvolvedor web focado em segurança, disse, no entanto, que uma grave violação de segurança expôs os resultados a adulteração.
"Aqueles que montaram o servidor confiaram que o endereço permaneceria em segredo", mas ele foi revelado inadvertidamente, escreveu no Haaretz. "Uma vez revelado, qualquer um poderia mudar a recontagem como quisesse."
Eleitorado polarizado
Em um país profundamente dividido como Israel, que sempre foi governado por uma coalizão de partidos, pequenas margens eleitorais podem ser decisivas. A mudança de alguns assentos poderia ter um impacto negativo nos blocos conservadores e liberais.
As preocupações a respeito de intervenção estrangeira vieram de altos funcionários como Nadav Argaman, chefe do serviço de segurança nacional Shin Bet, e Hanan Melcer, o juiz da Suprema Corte que comanda o Comitê Eleitoral Central.
"Não posso dizer que estou tranquilo", disse Melcer. "Estou preocupado."
Especialistas em segurança cibernética afirmam que o principal objetivo da desinformação e das fake news é aumentar as divergências na já polarizada sociedade israelense, gerando conflitos entre conservadores e liberais, judeus e árabes, laicos e religiosos. Outra meta é se infiltrar em websites de notícias e listas de distribuição israelenses para disseminar desinformação.
Uma rede iraniana tentou "seguir" um serviço de notícias on-line de Israel, o Walla, além de políticos e jornalistas israelenses, disse Noam Rotem, um ativista da web que está atuando voluntariamente para identificar e bloquear manipulação. Ele e um colega pediram para empresas de redes sociais bloquearem a rede, e conseguiram, disse.
Ao todo, eles convenceram o Facebook e o Twitter a remover centenas de contas falsas e a derrubar cerca de uma dezena de redes que distribuíam desinformação, disse.
"A atividade é enorme e acreditamos que quanto mais nos aproximarmos das eleições, mais volume veremos e mais hostis serão as mensagens", disse Rotem.
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