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Novo prêmio da IMG para restaurantes aposta em conscientização

Joshua Stein

18/02/2019 16h00

(Bloomberg) -- Esta é a temporada de premiações, longas noites com pequenas estátuas, medalhas douradas e plaquinhas de acrílico gravadas. Não, não são apenas Grammys, Oscars, Globos de Ouro e Emmys. Os chefs se tornaram celebridades e também exigem cerimônias próprias, com tapetes vermelhos, escândalos e discursos interrompidos.

Claro, isso não é novidade. Chefs e donos de restaurantes há muito tempo buscam elogios, e com razão. Ao contrário de outras formas de entretenimento, não existe um trailer nem um serviço de streaming para atrair clientes para um restaurante. Tradicionalmente, esses estabelecimentos dependiam de corpos celestes na forma de críticos ou do Guia Michelin para direcionar o tráfego dos famintos mais exigentes. Eles concedem estrelas e prêmios resplandecentes que indicam o caminho para a mesa de jantar.

Mas, atualmente, os prêmios, que eram guias úteis, são tantos que talvez precisem de um guia próprio.

Esta segunda-feira, por exemplo, marca o primeiro World Restaurant Awards, uma nova e ostentosa cerimônia que acontece no Palais Brongniart, em Paris, apresentada pelo ator francês Antoine de Caunes. (Ele talvez seja mais conhecido por seu papel como apresentador de um programa de TV da década de 1990 chamado "Eurotrash".) O novo evento é de propriedade da IMG, a multinacional de entretenimento que está por trás de tudo, da Fashion Week à feira de arte Frieze e ao UFC. Ele soma-se a uma longa lista de premiações semelhantes que inclui o James Beard Awards, os 50 Melhores do Mundo, o Eater Awards, além do Guia Michelin, que tem seu próprio coquetel elegante, e cada uma delas afirma homenagear os melhores restaurantes (e bares) do planeta.

Para se diferenciar dos demais, o World Restaurant Awards afirma ser o mais conscientizado, esquisito e descolado de todos os prêmios (Richard Vines, crítico de restaurantes da Bloomberg em Londres, é um dos jurados). As categorias incluem "Pensamento Ético" (Blue Hill Stone Barns está entre os finalistas), "Chef do Ano Sem Tatuagem" (é sério -- Alain Ducasse é um dos finalistas), e algo chamado de "Evento do Ano". Também há categorias mais tradicionais, como "Chegada do Ano" e "Pensamento Original".

Segundo o diretor criativo Joe Warwick, as categorias podem mudar a cada ano. "Passamos tempo demais falando sobre o mesmo tipo de restaurantes", diz ele, "e queríamos tentar mudar isso". A IMG promete um admirável mundo novo, onde o julgamento é "realizado com total integridade, total transparência e um verdadeiro senso de inclusão".

"O mundo precisa de mudanças", diz Andrea Petrini, jornalista italiano e presidente do júri que ajudou a fundar o prêmio com Warwick e com a diretora Cécile Rebbot. "Buscar a diversidade significa... ir além dos típicos restaurantes finos da classe média-alta dominados por homens."

Para isso, o painel de jurados é formado por 50 mulheres e 50 homens de todo o mundo, uma mistura de jornalistas, chefs e empresários que se reuniram em Paris no ano passado para um fim de semana de discussões e depois participaram de pequenas turnês, pagas pela IMG, pelo mundo para visitar as centenas de restaurantes inicialmente considerados. (Embora os jurados estejam equilibrados em termos de gênero, deve-se notar que apenas três dos 100 têm ascendência africana; a maioria das mulheres são membros da mídia, não chefs; e a Europa está desproporcionalmente representada.)

Quanto disso é uma questão de virtude e quanto é uma questão de mercado ainda é uma questão em aberto. A conscientização sobre justiça social vende e eventos como este são, é claro, um centro de lucro; American Express, Gaggenau, Cingapura e Champagne Laurent-Perrier estão entre os patrocinadores. (A IMG preferiu não comentar aspectos financeiros.)