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Humanos terão maior papel na negociação de ETFs em Nova York

Rachel Evans

28/02/2019 17h41

(Bloomberg) -- A Bolsa de Nova York se prepara para entregar aos humanos um papel mais relevante na formação de mercado para ETFs.

A instituição quer permitir aos fundos negociados em bolsa (exchange-traded funds) que acompanham títulos de dívida, commodities e moedas a listagem em seu principal pregão já em agosto. A informação é de Douglas Yones, responsável por ETFs da casa. No ano passado, autoridades reguladoras aprovaram a proposta sob a qual formadores de mercado designados (conhecidos pela sigla em inglês DMMs) supervisionarão as transações com ETFs.

Atualmente os fundos são negociados na NYSE Arca, plataforma eletrônica que trabalha com a formação de mercado por algoritmos. Embora as fornecedoras de algoritmos prometam os melhores preços na maior parte do dia, a falta de envolvimento humano pode trazer problemas para produtos menos líquidos se uma ordem grande chegar perto da abertura ou fechamento do dia ou se não houver provedores de liquidez em número suficiente para formar mercado a qualquer momento."Com formadores de mercado designados, não surge essa questão porque há uma pessoa", disse Yones em entrevista. "Esse modelo único do pregão serve muito bem para potenciais benefícios no universo dos ETFs."

ETFs com aproximadamente US$ 430 bilhões em ativos sob gestão serão elegíveis para migrar da Arca para o principal pregão da Bolsa de Nova York, segundo dados compilados pela Bloomberg. Mais US$ 300 bilhões em fundos negociados em outras bolsas também poderão migrar e novos ETFs terão a possibilidade de listagem diretamente no pregão principal.

DMMs têm responsabilidade regulatória de estarem presentes o dia todo e separam capital para a correspondência de ordens que chegam. Isso pode ser atraente para emissores de ETFs novos ou menos líquidos que pretendem proteger seus fundos dos deslocamentos do mercado.

Vencedores e perdedores

Para a Bolsa de Nova York, abrir o pregão de dois séculos de existência aos ETFs pode trazer receita adicional, ajudando na concorrência com Cboe Global Markets e Nasdaq pela listagem desses instrumentos. A Bolsa de Nova York ainda não divulgou o valor cobrado para listagem no principal pregão em vez da plataforma NYSE Arca.

Os cinco DMMs da instituição também podem aproveitar o aumento de volume que tende a vir junto com os ETFs. Já as firmas que formam mercado para ETFs na plataforma eletrônica Arca podem sair perdendo. Nem Jane Street Group nem Susquehanna International Group ? que supervisionam aproximadamente um terço dos ETFs listados na NYSE Arca ? são formadores de mercado designados.

Embora operadores eletrônicos consigam formar mercado no pregão físico, eles são menos visíveis do que os designados, que também controlam o preço da ação sob sua responsabilidade na abertura e fechamento do mercado. A novidade pode incentivar fornecedoras eletrônicas a montar negócios no pregão físico, caso muitas gestoras de ETFs decidam listar os fundos na bolsa principal.

Mas isso não é para já. Cerca de 79 por cento dos ativos dos ETFs estão em fundos de ações que não estão aptos a entrar na bolsa principal por causa de regras que proíbem a negociação de derivativos perto de seus componentes subjacentes. No entanto, os formadores de mercado esperam demanda por parte dos fundos aptos.

"Muitos emissores adorariam ter um formador de mercado designado cuidando da listagem", disse Ari Rubenstein, presidente da GTS, empresa de formadores de mercado designados que atua na Bolsa de Nova York e recentemente acertou a aquisição da divisão de ETFs da Cantor Fitzgerald. "Eles gostam porque há muita liquidez, eficiência e transparência para seus investidores e os emissores de ETFs são atraídos por isso."

--Com a colaboração de Nick Baker.