Ex-operador da Petrobras vai se declarar culpado nos EUA
(Bloomberg) -- Um ex-operador de petróleo da Petrobras concordou em se declarar culpado de um crime nos EUA no momento em que é procurado pelas autoridades brasileiras no âmbito da Lava Jato, disse uma pessoa familiarizada com o assunto.
Rodrigo Berkowitz, acusado no Brasil de pertencer a um grupo de operadores que recebeu mais de US$ 31 milhões (R$ 117 milhões) em propinas, é acusado de conspirar para cometer lavagem de dinheiro, segundo documentos judiciais. Berkowitz, que mora em Houston, está cooperando com as autoridades americanas.
Berkowitz não é identificado pelo nome no processo, mas sim como "John Doe" ("Fulano") em um processo pendente analisado pelo juiz distrital Raymond Dearie em Brooklyn, em Nova York, segundo a pessoa, que falou sob a condição do anonimato porque o assunto não é público.
Kent Schaffer, advogado de Berkowitz, preferiu não comentar.
A notícia sobre o acordo de Berkowitz para se declarar culpado foi publicada primeiro pela agência de notícias Reuters.
O ex-operador de 39 anos, que, segundo a polícia brasileira, se escondeu por trás do codinome "Batman", é acusado de receber propinas de intermediários de algumas das maiores operadoras de commodities do mundo, como Glencore, Vitol Group e Trafigura, entre 2011 e 2014, para garantir contratos por produtos de petróleo a preços baixos. As três empresas não foram acusadas.
A Trafigura informou por email que não comenta assuntos jurídicos. Uma declaração publicada no website da empresa afirma que é incorreto insinuar que a atual gestão da Trafigura sabia que os pagamentos feitos a um intermediário seriam usados para efetuar pagamentos indevidos a funcionários da Petrobras.
A Vitol afirmou em comunicado que seria "inadequado" comentar agora, mas que mantém "uma política de tolerância zero" em relação à corrupção e que "sempre cooperará com as autoridades em qualquer jurisdição em que operar". A Glencore preferiu não comentar.
Acordo bilionário
No centro das investigações da Lava Jato, a Petrobras fechou acordo no ano passado para pagar quase US$ 3 bilhões (R$ 11,3 bilhões) para compensar os investidores americanos após a queda do valor de mercado da empresa.
O processo de Berkowitz pode dar uma ideia do mundo do trading de commodities, em que as empresas compram e vendem bilhões de dólares em matérias-primas e combustíveis fósseis, muitas vezes com pouca supervisão regulatória direta.
A polícia brasileira busca cooperação de autoridades dos EUA, da Suíça, do Reino Unido, das Bahamas e do Uruguai. Um juiz brasileiro emitiu mandado de prisão contra Berkowitz no começo de dezembro.
Apartamento em Copacabana
Alguns dos pagamentos foram efetuados em contas no exterior controladas por Berkowitz e por seu pai, que foi preso no ano passado no Brasil. O pai dele confirmou as transações financeiras, mas disse que não sabia que resultavam de atividades ilegais, segundo petição apresentada a um tribunal do Paraná.
Ex-colegas de Berkowitz em Houston, onde ele ainda mora, se mostraram surpresos com as acusações, dizendo que ele vivia com sua renda e comprava roupa em outlets.
A investigação brasileira mostra que no começo de 2012 Berkowitz comprou um apartamento em Copacabana, um dos bairros mais caros do Rio de Janeiro, por R$ 2,4 milhões, ou US$ 1,3 milhão na época. Ele pagou à vista, e a compra era incompatível com sua renda, "uma forte evidência" de que a transação fazia parte de um esquema de lavagem de dinheiro, segundo documentos judiciais brasileiros.
Berkowitz deve receber em 13 de setembro a sentença decidida pelo juiz Dearie, que autorizou o juiz Steven Gold a administrar a declaração, segundo documentos judiciais.
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