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Petrobras gasta US$ 320 mi em hedge com barril a US$ 60

Peter Millard, Javier Blas e Alex Longley

22/03/2019 13h28

(Bloomberg) -- A Petrobras fez hedge de parte de sua produção de petróleo pelo segundo ano consecutivo, fixando o preço de uma parcela de sua produção de 2019 em US$ 60 por barril para proteger seu fluxo de caixa.

A petroleira pagou um prêmio total de US$ 320 milhões por opções de venda com vencimento no fim do ano, informou a empresa em comunicado nesta sexta-feira. O hedge protegerá contra uma queda no mercado de petróleo e beneficiará a empresa se os preços continuarem elevados, anunciou.

A Petrobras não divulgou quantos barris foram cobertos, mas a empresa disse que no ano passado bloqueou 128 milhões de barris a um preço médio de US$ 65. Com base nos preços de opções atuais para o petróleo Brent a US$ 60 de abril até dezembro e no prêmio pago, a Petrobras aparenta ter feito hedge de uma quantidade similar neste ano, segundo Thibaut Remoundos, fundador da Commodities Trading, que assessora estratégias de hedge.

A Petrobras é atualmente uma das maiores empresas a fazer hedge no mercado de petróleo, juntamente com o México, que mantém o maior programa soberano e gastou US$ 1,2 bilhão no ano passado para proteger as receitas com petróleo de 2019.

O trading de opções deu um salto no começo do mês, gerando especulações de envolvimento da Petrobras. A atividade foi dominada por opções de venda de US$ 60.

Os traders ficarão alertas para novos sinais de grandes petroleiras fazendo hedge porque as empresas do setor de petróleo de xisto dos EUA fixaram menos do que sua parcela tradicional pelo restante do ano e para 2020. Além disso, o México normalmente começa a comprar opções de venda na primavera (Hemisfério Norte) para fixar preços para o ano seguinte. A pressão de venda criada pelas empresas do xisto e pelo México no mercado de futuros do petróleo pode perturbar o mercado, derrubando os preços do petróleo.

O presidente da Petrobras, Roberto Castello Branco, disse neste mês que a empresa estava disposta a fazer hedge, mas que custos de produção baixos são a melhor proteção contra os preços baixos.

"Se eu fizer hedge a US$ 60 por barril e amanhã o barril estiver em US$ 80, ficarei triste. O oposto também é verdadeiro e você pode vir a dizer 'ainda bem que fiz'", disse em entrevista, em 10 de março. "Como não se espera uma aceleração da economia mundial, nem uma aceleração da demanda por petróleo, precisamos estar preparados para preços mais baixos."

Repórteres da matéria original: Peter Millard em Rio De Janeiro, pmillard1@bloomberg.net;Javier Blas em Londres, jblas3@bloomberg.net;Alex Longley em Londres, alongley@bloomberg.net