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BTG capta para expandir investimentos imobiliários no Chile

Eduardo Thomson

27/03/2019 16h31

(Bloomberg) -- O BTG Pactual busca toda e qualquer oportunidade para embalar sua estratégia imobiliária no Chile, apesar dos desafios jurídicos que podem ameaçar o segmento.Recursos levantados em aumentos de capital, emissões de títulos e aquisições estão sendo direcionados para a compra de centros comerciais, prédios de escritórios e galpões, na expectativa de aumento do valor médio dos aluguéis neste ano.

"Estamos considerando um aumento de capital no curto ou médio prazo", disse Pedro Ariztia, responsável por investimentos imobiliários do BTG Pactual Chile, sobre a estratégia do fundo Renta Comercial, de US$ 557 milhões. "Estamos procurando novos ativos, como os que adquirimos recentemente", acrescentou, se referindo a dois novos prédios de escritórios no coração financeiro da capital chilena, comprados neste ano.

No final do ano passado, o BTG concluiu um aumento de capital de US$ 50 milhões para o fundo fechado. Os recursos de uma emissão de US$ 100 milhões em títulos em agosto também foram destinados à compra de edifícios. As taxas de vacância de escritórios no Chile estão entre as menores da América Latina e se encontram agora em níveis só vistos em 2013. O valor médio dos aluguéis deve subir neste ano, de acordo com relatório da Jones Lang LaSalle divulgado em janeiro.

A expansão coincide com o movimento dos investidores chilenos na direção de fundos imobiliários, em busca de retorno maior em um ambiente de juros baixos. O banco central deve manter os juros inalterados diante dos sinais de desaceleração econômica. O total de ativos sob gestão pelos fundos imobiliários aumentou 21% nos 12 meses até setembro para US$ 3,36 bilhões. Foi o maior crescimento entre todas as classes de ativos, segundo dados da Associação Chilena de Administradoras de Fundos de Investimento (Acafi).

O fundo Renta Comercial deu retorno de 27% nos 12 meses até fevereiro, incluindo dividendos, de acordo com o BTG Pactual. No mesmo período, o índice IPSA da bolsa de valores caiu 5,6% e os fundos de renda fixa domiciliados no Chile tiveram retorno médio de 4,9%.

Na procura por oportunidades de investimento, o BTG também se dedicou a apartamentos alugados para famílias de classe média. A instituição montou em setembro o fundo BTG Renta Residencial, também supervisionado por Ariztia e hoje dono de quatro edifícios em Santiago. O plano é comprar mais cinco. Ao todo, o fundo de aluguéis residenciais pretende investir aproximadamente US$ 180 milhões exclusivamente em imóveis para locação e não tem intenção de vender um apartamento sequer, revelou Ariztia.

O fundo residencial gerou retorno de 11% entre setembro e o fim de fevereiro.

Mas nem tudo vai bem no setor imobiliário. Pelos cálculos da Câmara de Construção Civil, mais de US$ 1 bilhão em obras em andamento ou já concluídas estão em situação de limbo jurídico no Chile devido a um conflito envolvendo alvarás e quem libera as licenças. Segundo Ariztia, isso tem impactado negativamente a confiança dos investidores.

O problema é o número crescente de liminares que organizações civis conseguem quando questionam a legalidade de determinados alvarás. A Controladoria Geral da República aceitou os argumentos dessas associações e afirma que mais de 49 foram concedidos ilegalmente.

O efeito sobre a demanda por empréstimos para projetos imobiliários já é evidente. "O valor de um terreno é função do que se pode construir nele", disse Ariztia. Os projetos do BTG estão agrupados nos fundos BTG Desarrollo Inmobiliario e nenhum foi afetado.

--Com a colaboração de Maria Jose Campano.