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Votorantim é premiada com rating por se distanciar do Brasil

Aline Oyamada

02/04/2019 11h49

(Bloomberg) -- O pequeno grupo de empresas brasileiras com grau de investimento ficou maior - mas não porque as coisas estão melhorando na maior economia da América Latina.

A S&P Global Ratings elevou a Votorantim a grau de investimento na semana passada, citando a diminuição da dependência da empresa das operações no Brasil, que agora respondem por menos de um terço das receitas depois que vendeu as operações de aço e papel e celulose. O conglomerado industrial, que tem subsidiárias em áreas que vão desde a produção de cimento até a energia eólica, agora tem classificação BBB-, um degrau acima da classificação junk.

Apenas oito empresas brasileiras com bonds em circulação possuem classificação de grau de investimento de pelo menos duas agências de rating, menos da metade do número de três anos atrás. A maior parte dos rebaixamentos, incluindo o da Votorantim, veio na esteira do corte soberano em 2015, em meio à deterioração das contas fiscais e ao fraco crescimento econômico. Hoje, seis dessas empresas têm mais de 60% de suas receitas vindas do exterior - metade das quais tem mais de 90%.

A redução de alavancagem e menor dependência de suas operações brasileiras, devido às vendas de ativos no país e ao crescimento de suas operações no exterior, fortalecem sua capacidade de suportar um potencial risco soberano, escreveu o analista da S&P, Felipe Speranzini, sobre a Votorantim.

Atualmente, o Brasil está classificado três níveis abaixo de junk, uma vez que a economia continua fraca, apesar de um ano de juros baixos e recente melhora na confiança dos empresários. Na semana passada, o banco central cortou sua previsão de crescimento em 2019 para apenas 2%, em linha com estimativa de consenso cada vez menor em meio a sinais de que o eixo do ajuste fiscal, a reforma da Previdência, pode enfrentar problemas no Congresso.

A S&P atribuiu perspectiva estável para a Votorantim já que parte das atividades da empresa ainda é "altamente sensível à economia brasileira", citando especificamente o negócio bancário.

"O que estamos vendo agora no Brasil é um setor corporativo que atravessou a pior recessão desde a década de 1930 e está buscando a recuperação", afirmou Roger Horn, estrategista sênior de mercados emergentes da SMBC Nikko Securities America em Nova York. "A Votorantim também tem o benefício de um bom negócio de cimento na América do Norte e, com a venda de ativos de aço e papel e celulose, o Brasil agora responde por apenas 30% do fluxo de caixa, justificando um rating acima do soberano."