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Presidente do Fed diz que não cederá à pressão, dizem democratas

Erik Wasson e Billy House

12/04/2019 12h27

(Bloomberg) -- O presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, reafirmou a independência do banco central em declarações a parlamentares do Partido Democrata, dizendo que o Fed não cede à pressão política de forma alguma, segundo duas pessoas presentes ao evento a portas fechadas.

A presença de Powell na noite de quinta-feira em um retiro do Partido Democrata em Leesburg, na Virgínia, coincidiu com o questionamento de muitos dos parlamentares reunidos no evento sobre as ameaças à independência do Fed diante das frequentes críticas do presidente Donald Trump ao banco central.

Powell preferiu não falar sobre o presidente, segundo as fontes, um comentário que foi recebido com aplausos. O presidente disse aos parlamentares que as taxas de juros estão no nível certo, dadas as condições econômicas atuais, e que os benefícios do crescimento econômico dos EUA não foram amplamente distribuídos como o Fed gostaria.

Powell foi entrevistado durante o evento pela deputada de Ohio Joyce Beatty para uma discussão sobre a economia, sem a presença da mídia na sala. As pessoas presentes na sessão forneceram detalhes dos comentários de Powell sob a condição de anonimato.

Quando perguntado sobre as possíveis nomeações do empresário Herman Cain e do ativista conservador Stephen Moore para o conselho do Federal Reserve, Powell disse que não comentaria as indicações do Fed.

Embora o presidente do banco central dos EUA tenha se recusado a comentar vários aspectos da política fiscal, ele endossou o programa de dedução fiscal reembolsável como forma de distribuir a riqueza de forma mais ampla.

Também analisou o perigo de um crescente déficit orçamentário, dizendo que os EUA não têm recursos ilimitados. Disse que os crescentes déficits são um caminho insustentável, mas a fome mundial por títulos do Tesouro significa que não há implicações no mercado a curto prazo.

Perguntado pelo líder da maioria da Câmara, Steny Hoyer, de Maryland, sobre o perigo de um default do teto da dívida, Powell fez um apelo para que o teto fosse aumentado e disse que um default é impensável, de acordo com as pessoas na sala.

Powell também comentou as previsões do Fed, dizendo que a desaceleração na Europa pegou o banco central americano de surpresa.

Michelle Smith, porta-voz do Federal Reserve, não comentou sobre a sessão de Powell com os parlamentares.

No início da sessão, o deputado Hakeem Jeffries, de Nova York, membro da liderança do Partido Democrata na Câmara, disse que há uma "preocupação geral" no partido sobre se Trump entende a necessidade de independência do Fed e se o presidente estaria tentando pressionar o banco central a reduzir as taxas de juros antes da eleição de 2020.

Trump, que nomeou Powell para a presidência do Fed, criticou os aumentos dos juros pelo banco central, que tenta, gradualmente, elevar as taxas a um nível que não interrompa nem estimule o crescimento.

As altas dos juros desaceleraram alguns segmentos da economia, como o setor imobiliário, mas, no geral, a expansão continua juntamente com o baixo desemprego e inflação próxima da meta de 2% do Fed. O Federal Reserve aumentou as taxas quatro vezes em 2018, mas fez uma pausa em suas duas primeiras reuniões em 2019, dizendo que seria "paciente", enquanto avalia a necessidade de mudanças adicionais na taxa básica de juros, agora na faixa de 2,25% a 2,5%.

--Com a colaboração de Craig Torres.

Para contatar o editora responsável por esta notícia: Patricia Xavier, pbernardino1@bloomberg.net

Repórteres da matéria original: Erik Wasson em Washington, ewasson@bloomberg.net;Billy House em Washington, bhouse5@bloomberg.net