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Ex-líder do Peru é operado após tentar suicídio em ação policial

John Quigley

17/04/2019 11h49

(Bloomberg) -- Alan Garcia, ex-presidente da Peru suspeito de envolvimento em um escândalo de corrupção com tentáculos por todo o continente, disparou contra si mesmo nesta quarta-feira enquanto a polícia se aproximava.

Garcia foi levado para um hospital perto de sua casa em Lima às 6:40 (hora local) e estava passando por uma cirurgia, disse a ministra da Saúde, Zulema Tomas, a repórteres após visitar a sala de emergência. Ele recebeu ressuscitação cardio-pulmonar por três vezes e a cirurgia continuava, disse.

Garcia tentou se matar quando a polícia tentou detê-lo, disse seu advogado Erasmo Reyna

"A situação do ex-presidente é delicada", disse ele a repórteres. "Nós oramos a Deus para lhe dar força. Faremos tudo o que pudermos para reverter essa situação injusta".

Garcia foi presidente da nação entre 1985 e 1990 e novamente de 2006 a 2011. Populista de esquerda, ele viu um colapso econômico em seu primeiro mandato antes de abraçar políticas de livre mercado em seu segundo mandato, quando o Peru desfrutou de um rápido crescimento. Mas, como outros membros do alto escalão de todo o continente, ele foi envolvido no escândalo da Odebrecht e estava sob investigação por suspeita de recebimento de suborno da gigante de construção brasileira. Ele negou ter cometido erros.

Na quarta-feira, promotores e policiais foram à sua casa em Lima, dizendo que fariam uma busca. Garcia se trancou em seu quarto e deu um tiro na cabeça, segundo a Rádio Programas.

Garcia pediu asilo sem sucesso na embaixada do Uruguai em novembro, depois que um tribunal o impediu de deixar o país, enquanto investigava um contrato ferroviário que a Odebrecht conquistou durante seu segundo mandato. Ele acusou o presidente Martin Vizcarra de conspirar para prendê-lo por razões políticas.

Investigações sobre doações de campanha e subornos pagos pela Odebrecht respingaram sobre os últimos quatro presidentes do Peru e paralisaram grandes projetos de infraestrutura, desacelerando a economia. O ex-líder Ollanta Humala foi impedido de deixar o país e o governo está buscando extraditar Alejandro Toledo dos EUA.

Um tribunal ordenou a detenção do ex-presidente Pedro Pablo Kuczynski por 10 dias. Posteriormente, os promotores solicitaram uma ordem judicial para prender Kuczynski por 36 meses, enquanto preparam acusações de lavagem de dinheiro. Ele negou qualquer transgressão.

(Adiciona comentário do advogado de Garcia no quarto parágrafo.)