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Tuítes de Trump eliminam US$ 1,3 tri do mercado acionário global

Divya Balji e Matthew Burgess

08/05/2019 11h02

(Bloomberg) -- Foram 102 palavras que eliminaram cerca de US$ 1,36 trilhão do mercado global de ações esta semana.

Mercados acionários em todo o mundo foram sacudidos pelos tuítes do presidente Donald Trump no domingo (5), dizendo que iria aumentar as tarifas sobre os produtos chineses. Os tuítes não só provocaram perdas, mas também fizeram com que a volatilidade voltasse com força total: o Índice de Volatilidade Cboe subiu 50% em dois dias e rompeu a barreira de 20 pontos pela primeira vez desde janeiro.

Os riscos que pairam sobre as relações comerciais EUA-China --que não estavam no radar dos investidores até a semana passada-- voltaram com tudo. Os mercados operavam embalados por um estado de complacência nas últimas semanas, confiantes de que as negociações de comércio iam bem, de que os principais bancos centrais continuavam com uma política dovish e de que os lucros corporativos dos EUA estavam acima das expectativas.

"A última virada acrescenta uma nova dimensão de incerteza ao que a maioria dos participantes do mercado assumia como um acordo fechado", disse Eleanor Creagh, estrategista de mercado da Saxo Capital Markets, em Sydney. "Alguma coisa mudou no fim de semana, e pode ser uma ilusão continuar bebendo do copo meio cheio."

Para alguns especialistas, os eventos dos últimos dois dias apenas devolveram mais rapidamente uma fração do rali deste ano. Para outros, levantaram uma questão pertinente sobre se a onda compradora tem como continuar.

Kerry Craig, estrategista de mercado global da JPMorgan Asset Management, ainda acredita que um acordo comercial possa ser alcançado, mas talvez vai levar mais tempo do que o esperado. "A retração dos mercados deveu-se ao forte rali das ações globais, e os investidores podiam estar procurando uma desculpa para a realização de lucros", disse.

Com a desvalorização das ações, fica evidente que alguns investidores estão se reposicionando.

"Minha percepção é que os investidores estão ajustando os portfólios como precaução", disse Jeffrey Halley, analista sênior de mercado da Oanda Asia Pacific.

Halley vê um "meio-termo" para os mercados com uma percepção de que o acordo vai sair. E o aquecimento da atividade poderia elevar as expectativas de crescimento e de lucro. "Eu não sairia dos mercados de ações", disse Craig, do JPMorgan.

Além disso, o eixo dovish dos bancos centrais sinaliza um mercado diferente do ano passado, quando tanto os EUA quanto a China apertavam a política monetária, disse Alex Wong, diretor de gestão de ativos da Ample Capital, de Hong Kong.

"Mesmo que nenhum acordo seja alcançado, o impacto não será tão grave", disse Wong em entrevista por telefone. "Não estou tão preocupado."

Agora tudo depende do que vai acontecer nesta quinta e sexta-feira, quando os negociadores das duas maiores economias do mundo se encontram em Washington.

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