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Fintech alemã diz que nem todos bancos são "do mal"

Stephan Kahl e Andrew Blackman

09/05/2019 09h25

(Bloomberg) -- A mais nova fintech da Alemanha tem um recado para a geração de millennials que está tentando atrair de gigantes como o Deutsche Bank: somos do bem.

Com sede em Hamburgo, a Tomorrow, que oferece contas correntes isentas de taxas que podem ser acessadas pelo celular, promete usar os depósitos de clientes para financiar apenas projetos sustentáveis, como energia renovável e agricultura orgânica. A empresa alega que sua estratégia fornece um antídoto para os credores tradicionais, que poderiam financiar uma nova usina a carvão ou a expansão de uma empresa de alimentos geneticamente modificados.

"Somos um banco para pessoas que querem melhorar o mundo", disse em entrevista o cofundador da Tomorrow, Inas Nureldin, de 37 anos.

Um número crescente de fintechs tem disponibilizado serviços bancários em smartphones. O setor tenta aproveitar a tendência de fechamento de agências por bancos tradicionais, o que leva mais pessoas a administrar suas contas on-line.

Ao enfatizar as virtudes do chamado banco de impacto, a Tomorrow também tenta se diferenciar de concorrentes diretos como o N26, um aplicativo bancário alemão financiado por bilionários como Peter Thiel e Li Ka-shing, que tem 2,5 milhões de clientes na Europa.

Cerca de 4,5 mil pessoas na Alemanha baixaram o aplicativo Tomorrow, lançado oficialmente há dois meses. O objetivo da empresa é aumentar esse número para 20 mil até dezembro. "Acreditamos ser possível ter cerca de 1 milhão de clientes em toda a Europa em um prazo de três a cinco anos", disse Nureldin.

A Tomorrow oferece contas correntes por meio de uma parceria com o Solarisbank, um banco com sede em Berlim que permite que os parceiros usem sua licença bancária. Como parte de seu plano de expansão, a Tomorrow também vai trabalhar com a Visa para oferecer cartões de pagamento. Para cada novo cliente, a empresa americana - que possui uma participação no Solarisbank - vai pagar com 100 árvores a serem plantadas no Brasil por um determinado período.

"O conceito da Tomorrow nos entusiasmou muito rápido", disse Albrecht Kiel, diretor regional da Visa para a Europa Central.

A Tomorrow criou um "Conselho de Impacto" para mostrar aos clientes em quais projetos investe e tornar a "sustentabilidade transparente e tangível". A empresa promete não gastar "um único centavo" em armamentos ou energia a carvão.

"Os bancos são todos do mal?", pergunta a Tomorrow no site da empresa. "Também pensávamos a mesma coisa - e decidimos mudar isso."

Para contatar o editor responsável por esta notícia: Daniela Milanese, dmilanese@bloomberg.net

Repórteres da matéria original: Stephan Kahl em N York, skahl@bloomberg.net;Andrew Blackman em Berlim, ablackman@bloomberg.net