Presidente do Fed de Minneapolis cita riscos de desigualdade
(Bloomberg) -- Representantes do Federal Reserve agora comentam sobre a crescente desigualdade e os consequentes danos causados à economia dos Estados Unidos, mas a maioria ainda hesita em afirmar que a política monetária pode ajudar em alguma coisa.
Neel Kashkari começa a soar como uma exceção. Desde que se tornou presidente do Fed de Minneapolis, em 2016, sua postura tem sido consistentemente dovish, defendendo taxas de juros mais baixas enquanto o mercado de trabalho se recupera.
Em uma entrevista na sexta-feira, Kashkari disse que o Fed "tem um papel muito poderoso a desempenhar", e que os formuladores de políticas devem levar em conta a distribuição de renda ao avaliar se atingiram sua meta de emprego máximo.
A ruptura de Kashkari com a tradicional postura do Fed sobre a desigualdade reforça a aposta na manutenção dos juros baixos. Kashkari sugeriu que uma alta mais acelerada dos salários e o baixo desemprego talvez não estejam pressionando muito a inflação, porque os trabalhadores perderam muito poder de barganha nas últimas décadas, ecoando um argumento do vice-presidente do Fed, Richard Clarida.
Outras autoridades do Fed também têm prestado mais atenção à crescente desigualdade, que foi um fator muito citado para justificar a vitória de Donald Trump nas eleição presidencial de 2016 e que agora também ganha força no debate eleitoral de 2020.
O presidente do Fed de Nova York, John Williams, e a diretora do Fed, Lael Brainard, falaram sobre o tema na sexta-feira.
Williams disse a uma plateia no Bronx que o aumento da desigualdade "está minando, acredito, muito do que torna nosso país grande em termos econômicos", enquanto Brainard, falando em Washington, disse que, há décadas, a parcela da renda nacional que se destina aos assalariados está caindo, alimentando a "crescente desigualdade de riqueza e a partilha desigual de prosperidade".
Ambos, no entanto, tiveram o cuidado de destacar outras partes do governo em busca de soluções. Williams não acredita que o Fed, "ao mexer nas taxas de juros, vá afetar muito", enquanto Brainard disse que "a política monetária visa influenciar o emprego e a inflação ao longo do ciclo econômico, em vez de abordar essas mudanças estruturais de longo prazo".
Nas últimas décadas, a riqueza nos EUA tem se concentrado cada vez mais nas mãos das famílias mais ricas.
Dados do Fed mostram que a parcela dos 1% mais ricos na distribuição de riqueza aumentou para quase 32% em 2018 em relação aos 23% em 1989. E um indicador da fatia da renda do mercado de trabalho desenvolvido por Clarida ainda precisa subir muito em relação às baixas históricas predominantes durante a atual expansão.
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