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Surto de coronavírus provoca corrida global por máscaras

Lulu Chen

29/01/2020 10h02

(Bloomberg) -- No mundo todo, há uma corrida por máscaras faciais para proteção contra o novo coronavírus. O produto está esgotado em shoppings on-line e nas prateleiras de lojas da Califórnia a Pequim. No entanto, a eficácia das máscaras contra o surto que matou mais de 130 pessoas permanece incerta.

Na Amazon e no Alibaba, os estoques de muitas lojas que vendiam máscaras antivírus se esgotaram na quarta-feira. Na China, Hong Kong e Cingapura, pessoas faziam fila durante horas em lojas e farmácias na esperança de comprar máscaras, que estão cada vez mais em falta. Profissionais de São Francisco a Orlando disseram que não conseguiam encontrar máscaras cirúrgicas em seus pontos de venda habituais.

Embora a demanda seja global, chineses que moram no exterior têm comprado máscaras - especialmente a variante N95 do modelo fabricado pela 3M - para enviar aos membros da família ou revendê-las on-line, geralmente pelo aplicativo de mensagens WeChat, da Tencent. É provável que a demanda aumente - apesar das dúvidas da comunidade médica sobre sua eficácia no combate à doença, que alguns médicos dizem que pode se espalhar através do contato físico. O coronavírus, que surgiu pela primeira vez na cidade de Wuhan, na região central da China, infectou mais de 6 mil pessoas - mais do que os 5.327 casos registrados oficialmente no país durante a epidemia da SARS há 17 anos.

"Há dias tenho percorrido a cidade para comprar máscaras", disse Liu Yan, de 36 anos, que trabalha no setor de criptomoedas em Tóquio. Ela disse que encomendou duas mil máscaras para enviar à China sem pedir ajuda financeira. Ela acrescentou que pode suspender as compras em breve, porque o número de pacientes está aumentando no Japão e não quer privar os habitantes locais das máscaras.

Embora ainda não esteja claro como o vírus 2019-nCoV está se espalhando, um canal confirmado é o contato direto com pessoas infectadas, provavelmente entrando em contato com secreções respiratórias ou partículas com o vírus da tosse de uma pessoa infectada. Também é possível que o vírus possa ser transmitido de outras maneiras, como resíduos fecais de pessoas com infecção aguda.

A boa higiene das mãos, com o uso regular de um desinfetante à base de álcool, pode ser mais eficaz do que máscaras na prevenção da transmissão do vírus 2019-nCoV, disse Peter Collignon, médico de doenças infecciosas e microbiologista do Hospital Canberra, da Austrália.

O governo da China responde à falta de máscaras tomando medidas contra fornecedores que vendem máscaras falsificadas ou cobram preços exorbitantes on-line. Mais de 80 lojas da plataforma de comércio eletrônico Taobao, administrada pelo Alibaba, supostamente venderam máscaras falsificadas 3M e N95, segundo informações da mídia estatal chinesa na segunda-feira. A empresa disse em sua conta oficial do Weibo que removeu as lojas envolvidas em propaganda enganosa ou manipulação de preços. O site de comércio eletrônico informou que vendeu 80 milhões de máscaras pela Taobao em dois dias.

A 3M disse que está aumentando a produção e que trabalha com distribuidores para garantir estoques suficientes para atender à demanda e os clientes existentes, segundo um representante. Outras empresas estão aumentando a produção. No Japão, fornecedores da fabricante de produtos de higiene pessoal Unicharm trabalham dia e noite desde 17 de janeiro depois que os pedidos multiplicaram por dez, segundo o porta-voz Hitoshi Watanabe.

--Com a colaboração de Ryan Edward Chua, Aaron Mc Nicholas, Sharon Chen, Jason Gale e Jeffrey Hernandez.

Para contatar o editor responsável por esta notícia: Daniela Milanese, dmilanese@bloomberg.net