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Planos de desconfinamento destacam divergência entre emergentes

Karl Lester Yap

05/05/2020 07h58

(Bloomberg) -- Mercados emergentes se recuperaram nas últimas seis semanas em meio ao crescente otimismo de que podem aliviar restrições de confinamento e normalizar a atividade econômica. Ainda há um longo caminho a percorrer.

Países que já começaram a reabrir foram recompensados: os mercados acionários na China e Coreia do Sul superam seus pares neste ano. Agora, o foco se volta para economias que ficaram para trás, como Indonésia e Brasil, mas que poderiam aliviar as restrições já adotadas para conter a pandemia de coronavírus.

"Os investidores estão vendo luz no fim do túnel do confinamento", disse Stephen Innes, estrategista-chefe de mercado global da AxiCorp, em Bangkok. "Mas as pessoas serão seletivas na compra de ativos e estão procurando um roteiro convincente de saída dos confinamentos. Países capazes de abrir economias e reduzir o risco de outra onda de infecções terão melhor desempenho."

Confira alguns planos para o fim dos confinamentos em mercados emergentes:

Índia

A Índia deve suspender o confinamento nacional em cerca de duas semanas. Algumas restrições já foram atenuadas em áreas urbanas que não registraram novas infecções. Entre elas, a permissão de operações de indústrias e zonas econômicas especiais, bem como a fabricação de bens essenciais, como remédios e produtos farmacêuticos.

O governo reduziu algumas medidas em 20 de abril para permitir que agricultores e alguns setores retomem as operações em áreas rurais e distritos livres de casos de coronavírus. Pequenas lojas de bairro também foram autorizadas a reabrir. A rupia acumula queda de cerca de 5% neste ano, apesar de ter reduzido as perdas em relação à mínima registrada em abril.

Rússia

A Rússia prepara um plano para suspender gradualmente as restrições de confinamento, que deve terminar em 11 de maio. Flexibilizar as medidas contra a epidemia não acontecerá de uma só vez, disse o presidente Vladimir Putin. O rublo tem desvalorização de cerca de 17% neste ano, embora parte das perdas se deva à queda dos preços do petróleo.

Brasil

Os maiores estados planejam diminuir as restrições. São Paulo, o epicentro do surto, avalia a reabertura gradual dos setores produtivos após o término da quarentena, em 11 de maio. Sete estados e o Distrito Federal já começaram a flexibilizar a quarentena. O presidente Jair Bolsonaro pressionou governadores para aliviar as restrições e diminuir o impacto na economia. O real acumula baixa de quase 30% neste ano, o moeda com pior desempenho do mundo.

México

O México não implementou um confinamento nacional. Embora o governo tenha recomendado que as empresas fossem fechadas, o presidente Andrés Manuel López Obrador disse que os estabelecimentos que permanecerem abertos não serão penalizados.

Sob as diretrizes, somente fábricas essenciais podem operar, embora haja poucos detalhes sobre o que constitui um produto essencial. López Obrador disse que está conversando com EUA e Canadá para começar a reabrir fábricas essenciais para a cadeia de suprimentos, mas ainda não anunciou medidas concretas.

Argentina

O confinamento nacional da Argentina, com previsão para terminar em 10 de maio, provavelmente será estendido. Cidades menores podem retomar atividades normais mais cedo se cumprirem cinco requisitos, como restringir a mobilidade a apenas metade da população a qualquer momento. O peso tem queda de cerca de 10% neste ano, mas ainda é uma das moedas com melhor desempenho na América Latina.

©2020 Bloomberg L.P.