JBS aumenta produção nos EUA após reabertura de unidades
A JBS, maior produtora de carnes do mundo, está aumentando a produção de carne bovina e suína dos EUA após a reabertura de fábricas que foram fechadas devido a surtos de covid-19.
Ao mesmo tempo em que está implementando medidas para manter os trabalhadores seguros, a empresa está fazendo o que é possível para aumentar a produção, como adicionar turnos aos sábado quando possível, disse Andre Nogueira, presidente da JBS USA, nesta sexta-feira. As exportações dos EUA provavelmente cairão neste trimestre, pois a empresa prioriza o mercado doméstico, onde a demanda é forte.
Após uma onda sem precedentes de paralisações de fábricas, a produção de carne dos EUA melhorou nas últimas duas ou três semanas, com a indústria agora voltando a 75% do uso de capacidade na comparação com o mesmo período do ano passado para carne bovina e 84% para carne suína. A JBS está acima da média da indústria, Nogueira disse. Para frango, a taxa é de 99%.
"Estamos confiantes de que nossa produção continuará subindo", disse ele durante teleconferência.
Pelo menos 30 trabalhadores de carne dos EUA morreram em decorrência do novo coronavírus e mais de 10.000 foram infectados ou expostos, de acordo com o Sindicato Internacional dos Trabalhadores Comerciais e Alimentares. Pelo menos 30 fábricas fecharam em algum momento nos últimos dois meses, disse o sindicato em 8 de maio. A maioria delas reabriu depois que o presidente Donald Trump emitiu uma ordem executiva para fazê-lo.
Nesta semana, 20 procuradores-gerais democratas pediram a Trump que reforçasse padrões de segurança mais rígidos. As condições nas fábricas contribuíram para a disseminação do vírus, concluíram os Centros de Controle e Prevenção de Doenças em um relatório de 1º de maio.
Em entrevista ontem, o CEO global Gilberto Tomazoni disse que a JBS está seguindo todas as recomendações das autoridades de saúde e contratou consultores renomados na área para tentar manter os trabalhadores seguros. Mas ele disse que não houve mudança nos protocolos adotados após a reabertura das plantas, sem dar mais detalhes. Segundo ele, desde o início a JBS vem adotando as melhores práticas para proteger seus funcionários.
As medidas de segurança incluem tentar garantir o distanciamento social, instalar divisórias sempre que possível dentro das fábricas ou exigir que os trabalhadores usem máscaras e equipamentos de proteção. A JBS também está trabalhando com autoridades locais e estaduais em testes e intensificou os esforços de desinfecção das plantas e verificação de temperatura dos funcionários.
Tomazoni não forneceu informações sobre taxas de produção ou níveis de absenteísmo nas unidades norte-americanas. Nogueira disse que é muito cedo para dizer que o pior já passou, pois isso dependerá da movimentação do vírus no país.
As ações da JBS caíram até 7% na sexta-feira, depois que a empresa registrou seu primeiro prejuízo em mais de um ano devido a impactos cambiais sobre a dívida e não conseguiu dar perspectivas claras sobre o comportamento dos negócios no segundo trimestre.
"Temos visto uma enorme volatilidade nos preços das matérias-primas, nos preços finais e nos custos devido às medidas que estamos implementando para segurança e decisões sobre interrupção de plantas", disse Nogueira. "Estamos gerenciando isso a cada dia, a cada hora. Não é adequado fazer projeções considerando essa enorme volatilidade".
Ainda assim, ele espera que a JBS siga uma tendência normal de obter melhores resultados no segundo trimestre que no primeiro.
As interrupções de processamento nos EUA aumentaram investigações sobre os preços da carne no país, à medida que a quantidade excessiva de animais diminui os preços do gado no mercado futuro e a carne fica mais cara para os consumidores. Isso ajuda a amortecer o impacto para os processadores, cujas margens aumentaram.
Mas os indicadores de margens anunciados recentemente não são uma referência adequada, pois normalmente são calculadas para o mercado spot, que representa cerca de 20% das vendas da JBS, e a estrutura de custos mudou, disse Nogueira. A JBS está sendo responsável com sua política de preços nos EUA, disse ele.
Em março, a empresa viu uma demanda reduzida no food service e aumento da demanda no varejo devido às medidas de isolamento social, o que levou a migrar o volume de um canal para o outro.
Agora, está começando a ver uma melhoria "surpreendente" na demanda do setor de food service dos EUA, à medida que alguns estados começam a diminuir restrições, disse Nogueira. Ao mesmo tempo, a JBS não consegue acompanhar a demanda do varejo e está usando a capacidade australiana para abastecer os EUA.
"A demanda nos EUA está muito forte e estamos fazendo todos os esforços possíveis para preservar a saúde dos trabalhadores e aumentar a produção ", disse Nogueira.
No Brasil, onde a JBS teve uma unidade de produção de frango fechada em meio a um surto de coronavírus, a empresa não prevê grandes interrupções no ritmo de produção como as observadas nos EUA.
"Desde o início, trabalhamos com protocolos muito fortes para garantir um ambiente seguro para manter a produção", disse Wesley Batista Filho, presidente da JBS na América do Sul.
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