Desigualdade alimentar nos EUA é agravada por pandemia
(Bloomberg) -- O acesso a alimentos tem sido desigual nos Estados Unidos muito antes do início do coronavírus. Mas a pandemia agravou o problema, com imagens de filas quilométricas em bancos de alimentos, trazendo à tona a dura realidade.
Mesmo nos EUA, um dos países com maior segurança alimentar, milhões de pessoas enfrentam dificuldades para ter acesso a refeições nutritivas. A desigualdade alimentar afeta desproporcionalmente americanos não brancos, que já estiveram entre os mais atingidos pela Covid-19 e seu impacto econômico.
Aproximadamente 17 milhões de pessoas passarão a enfrentar insegurança alimentar em 2020, elevando o total para 54 milhões, incluindo 18 milhões de crianças, de acordo com projeções da Feeding America, a maior organização sem fins lucrativos de combate à fome do país.
As disparidades raciais podem piorar a situação. Negros americanos têm probabilidade duas vezes e meia maior do que americanos brancos de terem acesso baixo ou muito baixo ao alimento suficiente para uma vida ativa e saudável. Para os latinos, a taxa é o dobro da probabilidade dos brancos. Os números destacam algumas das desigualdades sistêmicas subjacentes em termos raciais, quando protestos nos EUA atraem centenas de milhares contra a brutalidade policial e o assassinato de George Floyd.
"Não é novidade, embora com a Covid-19 tenhamos visto um aumento na insegurança alimentar em geral, e parece que as pessoas não brancas novamente são desproporcionalmente impactadas", disse Angela Odoms-Young, professora associada do departamento de cinesiologia e nutrição da Universidade de Illinois, em Chicago. Para pessoas que vivem à "margem", logo acima da linha da pobreza, mudanças nas condições de vida podem facilmente empurrá-las abaixo do limiar e "para a insegurança alimentar", disse.
©2020 Bloomberg L.P.
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