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Brasil e Argentina pensam em Mercosul mais aberto e já sem a Venezuela

08/12/2016 22h55

Brasília, 8 dez (EFE).- Os chanceler José Serra e a ministra das Relações Exteriores da Argentina, Susana Malcorra, afirmaram nesta quinta-feira que o Mercosul deve abrir-se ao mundo e expandir seus horizontes comerciais, mas fazer isso por enquanto sem a Venezuela, que foi "afastada" do bloco.

"O que aconteceu com a Venezuela não é uma suspensão. É uma cessação de sua participação no Mercosul", segundo decidiram Brasil, Argentina, Uruguai e Paraguai, uma vez que esse país não se adaptou à legislação do bloco quatro anos após iniciar seu processo de adesão, explicou Malcorra em entrevista coletiva ao lado de Serra em Brasília.

Malcorra apontou, no entanto, que as quatro nações fundadoras do Mercosul mantêm a "esperança de que a Venezuela se adeque o mais rápido possível (à legislação do bloco) e que, quando se corroborar seu nível de compromisso, volte a ser membro".

Mesmo assim, salientou que "uma pessoa não pode ser sócia de um clube e ter direitos de acesso sem ajustar-se às obrigações".

Em relação aos próximos meses, considerou que o Mercosul deve tentar acelerar as negociações para um acordo comercial com a União Europeia (UE), sobretudo pelo cenário propício que foi criado com a decisão do presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump, de botar um freio nos acordos bilaterais negociados por seu país.

"A chegada de Trump pode interromper as negociações entre os Estados Unidos e a UE e queremos aproveitar a oportunidade para movimentar a agenda do Mercosul o mais rápido possível", frisou a ministra argentina.

Nesse sentido, salientou que os chanceleres dos países do Mercosul, sem a Venezuela, se reunirão na próxima semana para começar a debater o plano de ação do primeiro semestre de 2017.

Nesse período, a Argentina exercerá a presidência rotativa do bloco, que assumirá no próximo dia 1º de janeiro sem a realização da tradicional cúpula de presidentes.

Malcorra ressaltou que a prioridade serão as negociações com a UE, mas esclareceu que o Mercosul se propõe a explorar a possibilidade de discutir outros acordos comerciais com "mercados em desenvolvimento", que não precisou, a fim de "abrir-se ao mundo".

Serra, por sua vez, indicou que será criada uma comissão binacional entre Brasil e Argentina que analisará as barreiras que persistem no comércio entre ambos países, a fim de analisar as alternativas que existem para derrubá-las e tornar os resultados extensivos aos outros membros plenos do Mercosul.

Outro projeto que Malcorra antecipou que terá especial atenção a partir da presidência semestral da Argentina será a chamada "hidrovia do Mercosul", que tentará aproveitar o potencial das bacias dos rios Paraná e Paraguai, que tocam os quatro países do bloco e se entroncam com a Bolívia.

"Os mecanismos de integração são múltiplos e um deles é a infraestrutura", na qual o sistema fluvial "é fundamental" para os quatro países, que podem multiplicar seu comércio se valendo dos rios, lembrou Malcorra.

Segundo ambos chanceleres, a construção de canais navegáveis de grande envergadura nas bacias dos rios Paraná e Paraguai levaria o comércio fluvial no Mercosul das 17 milhões de toneladas de hoje a 50 milhões de toneladas em menos de uma década.

"Claro que isso requer investimentos e controles, porque a hidrovia pode servir para transportar o bom e traficar o ruim", alertou a ministra argentina, que indicou que também conversou com Serra sobre a necessidade de reforçar a segurança nas fronteiras.

Em sua primeira visita oficial ao Brasil, Malcorra foi recebida pelo presidente Michel Temer, com quem passou em revista, segundo disse, "toda a agenda" bilateral e regional, e houve uma total coincidência no sentido de "apostar no Mercosul", mas "em um Mercosul mais aberto ao mundo".

Malcorra contou que também analisaram possíveis datas para uma visita que o presidente da Argentina, Mauricio Macri, deve fazer ao Brasil no início do próximo ano, muito provavelmente no mês de fevereiro.