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Nova legislação provoca fechamento de emblemáticos "coffeeshops" na Holanda

28/07/2017 14h42

Imane Rachidi.

Amsterdã, 28 jul (EFE).- Os míticos "coffeeshops" holandeses perdem espaço ano após ano na Holanda, e especialmente em Amsterdã, onde estas cafeterias de venda regulada de cannabis estão encurraladas por uma nova legislação.

Em um recente relatório, o Ministério de Segurança confirmou que restam apenas 570 "coffeeshops" em todo o país, em relação aos 1.400 que funcionavam em meados da década de 1990.

Do total, 400 localizavam-se então em Amsterdã e os demais espalhados pelas 12 províncias holandesas. Atualmente, a capital turística dos "coffeeshops" conta com 167 lojas abertas.

No ano passado, dez "coffeeshops" tiveram que fechar devido à insegurança após vários tiroteios em suas portas.

"Esses tiroteios estão pondo em risco a segurança e a ordem pública", afirmou então o prefeito de Amsterdã, Eberhard van der Laan, que advertiu a todos os proprietários que não iria "tolerar" mais incidentes.

A polícia ainda investiga os tiroteios, e tem como principal hipótese a luta entre proprietários para desestabilizar a concorrência.

As autoridades locais são responsáveis por conceder as licenças e impor as normas, ainda que haja uma regulamentação estadual sobre a localização e o funcionamento deste tipo de estabelecimento.

Em janeiro deste ano, entrou em vigor uma nova lei que proíbe os "coffeeshops" de estarem a menos de 250 metros de escolas e centros educativos, o que afetou cerca de 20 cafeterias em Amsterdã.

Um deles foi o Mellow Yellow, o "coffeeshop" mais antigo do mundo, que teve que fechar por estar a cerca de 220 metros de uma escola.

Outros 30 "coffeeshops" tiveram que fechar, segundo o relatório, por conta de uma campanha da Câmara Municipal de Amsterdã para depurar as zonas mais problemáticas do Bairro da Luz Vermelha, que também causou o fechamento de cem vitrines de prostituição.

"Ao invés de facilitar as coisas e se preocupar com vendas ilegais, buscam (o governo) buscam a proibição. A única coisa que isso vai trazer são mais problemas e mais traficantes às ruas. Isso é o que querem?", disse nesta sexta-feira à Agência Efe Mark, holandês de 45 anos e dono de um pequeno "coffeeshop" próximo ao bairro.

O proprietário acrescentou que os Países Baixos já têm "muitos problemas com a venda ilegal das drogas" e pediu ao governo para se preocupar com questões como a legalização da plantação de cannabis, ainda em debate no Senado.

Vários garçons confirmaram que o número de "coffeeshops" na cidade está diminuindo cada vez mais, o que significa que os que restam não conseguem atender a demanda de todos os clientes.

Além disso, os estabelecimentos precisam respeitar os limites de venda impostos pela lei, outro dos motivos por trás das dezenas de fechamentos: atualmente as cafeterias podem armazenar até 500 gramas de maconha, enquanto antes de 2000 podiam ter até 1.500 gramas.

Isto faz com que os "coffeeshops" tenham um teto de lucros e alguns consideram que não compensa continuar funcionando porque não têm como atender todos os clientes.

Apesar dos fechamentos, a capital holandesa segue sendo o município com mais "coffeeshops" por habitante: um para cada 4.900 residentes, acima da média de todo o país, de uma loja para cada 32.670 habitantes.

Segundo os números do escritório de turismo da Holanda, 25% dos turistas que chega a Amsterdã vem com a intenção de visitar um "coffeeshop".

Ainda que o endurecimento das leis tenha como objetivo a redução do turismo das drogas, o medo agora das autoridades e dos investigadores é a volta às ruas do tráfico ilegal para suprir a crescente demanda.